Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 23-08-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2297
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: O MUNDO DE PARIS
Texto:
Uma das coisas com que ordinariamente não contra quem vem de qualquer civilização inferior para este centro do mundo, ou para outras grandes capitães europeus, é a enorme fadiga cerebral que a principio elas nos produzem. Essa fadiga reflete-se necessariamente sobre todo o nosso organismo, deixando-nos apáticos diante do que quer que nos ofereça à vista, tirando-nos boa parte do prazer....
... Ficamos literalmente esmagados sob a influência dessa humanidade com que vimos pela primeira vez encontrar nos.
{...}
Em comparação com Nova Iorque, Paris é uma cidade pacifica e repousada...
Há um bom número de viajantes em que o choque resultante destes abalos de que vimos falando é tão forte que nunca mais eles se restabelecem de todo, perdendo às vezes para sempre toda a sua capacidade produtiva...
É mais fácil encontrar esses enfermos entre os filhos de raças inferiores, principalmente quando eles se expatriam para uma vez e ficam representando no mundo a classe dos rastas. Uns verdadeiros infelizes estes, que nunca afinal de contas chegam a assimilar-se de modo completo ao meio de que são idólatras, porque um homem não pode mudar de Pátria, uma vez que já tenha vivido demorada e conscientemente na sua. Seus movimentos hão de ser sempre falsos e, por conseguinte falsas hão de ser as suas relações, vazia, reflexa vida que eles pretendem estabelecer com a sociedade a que tentam adaptar-se.
De certos pontos de vista o europeu que visita essa nova civilização antes se atordoa do que se deslumbra com o espetáculo que ela oferece.
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 02-09-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2305
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna: 3
Caderno:
Manchete: TRANSCRIÇÕES ____ OS INTELECTUAIS NA FRANÇA (conclusão)
Texto:
Como se vê este romance trata de um problema grave, terrível mesmo....
{...}
De Inconstante, devido a pena de uma escritora moça, gentil, casada de pouco tempo por amor com um poeta aclamado da – Inconstante, eu, apesar de já bem perto do inverno da vida, quase que não me atrevo a falar aqui.
É o retrato de uma parisiense, mesclada de crioula; um pequeno animal de luxo, de sensualidade, de prazer, de capricho, lindamente feito, não há duvida.
Vive para ser feliz; para mais nada. Ora sucede que a sua felicidade se chama em linguagem chata e vulgar [que eu aqui uso neste artigo, mas que nunca emprega a gentil autora do romance] mentira, traição, ignóbil promiscuidade...
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 17-10-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2342
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 8
Caderno:
Manchete: O MUNDO DE PARIS
Texto:
{...}
Na Inglaterra a idéia imperialista não resulta exclusivamente... do pendor para uma expansão de cada vez maior que sentem todos os povos, depois de chegados a um certo grau de grandeza. É exato que ela não o combate, e bastaria para demonstrá-lo a conquista do Transwaal, realizada principalmente pela vontade indefectível de Chamberlain. Excluir do programa este artigo seria opor-se a um dos instintos mais característicos do povo britânico, quando justamente a luta pela vida, dentro do quadro das nações que disputam um predomínio no mundo, obriga mais do que nunca as que foram triunfantes ate ontem a se conservarem na brecha, atentas e resolutas... Porém, mais do que novas conquistas, o que vista essa doutrina é consolidar as que já estão feitas, e impedir que o grande organismo político o incomparável Império moderno, orgulho da raça que o constitui, se afrouxe, dissolva-se, esfalece-se.
{...}
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 17-11-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2368
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: O MUNDO, DE PARIS
Texto:
É possível que hoje importantes interesses de momento movam a Inglaterra e essa aliança, que ela claramente procura estabelecer com os franceses. É possível, e é mesmo provável que, se deslocando como vai o eixo da civilização com o surto das novas nacionalidades, da América e da Ásia, por enquanto; e da Oceania, talvez da África amanhã, essa aliança de cada vez mais se apóie numa razão de ser mais plausível senão forçosa.
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 15-12-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2392
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: A CIDADE MODERNA
Texto:
{...}
A Bahia, cidade antiquada, onde sobrevivem como relíquias de um passado longínquo, edificação de tipo decrépito, cujos processos de arquitetura desabonam o sentimento estético e destoam das condições do respectivo meio físico, está precisando de uma renovação geral, que a eleve ao nível das cidades modernas, senão nas aparências e superfluidades do luxo, ao menos nas qualidades essenciais de conforto e higiene.
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 29-12-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2402
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 5
Caderno:
Manchete: AS MODAS (CARTA DE PARIS)
Texto:
{...}
A introdução da seda nos anais da moda tem por fim evitar a apresentação por uma criada ou mulheres de classe baixa, de vestidos semelhantes aos de uma senhora distinta e elegante, conforme tem sucedido nos últimos tempos.
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 04-02-1905
Ano: Ano: X
Número: nº: 2704
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 3
Caderno:
Manchete: A INFÂNCIA ABANDONA
Texto:
Qual é o método
de filantropia
mais eficaz
contra o crime?
Uma das perguntas que mais vezes me têm feito pessoas de todas as classes é a seguinte:
Crê o doutor que haja meios e medidas do domínio da filantropia... para corrigir ou diminuir a criminalidade, levantar o nível moral e social dum país, melhorar e enobrecer a raça humana?
Vou tratar de responder... advertindo que as minhas idéias e opiniões... procedem estritamente das minhas doutrinas e dos meus estudos de antropologia criminal.
Enquanto houver homens no mundo havera criminosos, do mesmo modo que sempre há de haver pretos-brancos, homens com seus dedos e gagos... Por ter tido ocasião de observar e estudar muitos criminosos, estou persuadido de que devemos fazer uma distinção entre as diferentes classes de criminosos...
Há, pois criminosos natos e criminosos por ocasião. Os criminosos por ocasião, ou “criminalóides” que formam a maioria dos que ocupam as prisões, constituem um cargo pesado para a sociedade....
{...}
CESAR LOMBROSO
(antropólogo criminalista e
sociólogo).
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 01-04-1905
Ano: Ano: X
Número: nº: 2750
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: A POLÍTICA DE MARROCOS
Texto:
Os jornais Daily Chronicle e Daile Graphic censuram os termos ásperos, o imperador Guilherme II, da Alemanha, reprovando a política seguida relativamente a Marrocos.
Os mesmos jornais insistem na conveniência da solidariedade da Inglaterra com a França sobre o caminho a seguir na questão.
O The Standart, pública telegrama de La-Caneé afirmando que se acham prontas a partir para Alikianou duas companhias do exercito francês, uma do exercito italiano e meia companhia do exercito russo de conter revolucionários.
*Matéria repetida no tema ÁFRICA
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 17-11-1905
Ano: Ano: X
Número: nº: 2935
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 2
Coluna: 5
Caderno:
Manchete: A FRANÇA AO SR. DE VILLETE
Texto:
Todos os povos têm à semelhança do que se opera com as arvores, as suas estações: é um derivado mesmo da lei de evolução que os rege e impulsiona. Progridem, produzem os grandes frutos da inteligência humana, das ciências, artes e indústrias...; depois chega-lhes o inverno, irrigam-se, encivam-se-lhe os veios de seu progresso, estacionam, e quando muito,. Não retrogradam e volvem a passadas civilizações.
Esta fase do estacionamento dura séculos e séculos; - e a China, a formidável China de 400 milhões de habitantes; é o grande exemplo vivo desta verdade incontestável.
{...}
Que vai a França atual, Sr. de Villete?
{..}
E na África...A Argélia...Vejam bem os leitores: Argélia não se lhe escapou há pouco trecho das mãos porque a Inglaterra apadrinhou-a...
Agora Sr. de Villete vejamos a França interiormente...está tuberculosa.
*Matéria repetida no tema ÁFRICA
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 22-08-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2296
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 6
Caderno:
Manchete: NA AMÉRICA DO NORTE A SEDA SEU CONSUMO NOS ESTADOS UNIDOS
Texto:
{...}
As senhoras elegantes de Nova Iorque sorriem, quando se lhes fala da cruzada empreendida pelas modistas locais, que tentam introduzir modelos e confecções originais mas um pouco ingênuos.
O reino da elegância e da arte francesas é tudo quanto resta de pé da secular predominância do velho mundo sobre o novo continente.
{...}
As mulheres negras não são espalhafatosas nem ridículas no vestuário, como em geral se acredita na Europa, e como as pintam os nossos desenhistas e jornais críticos. Trazem chapéus mais à moda que em Paris, boas de finos e caríssimas plumas e colete do último modelo.
De resto, não há mais negras nos Estados Unidos do Norte: há coloreds ladyes [senhoras de cor]. As criadas saem, em geral, aos domingos e, muitos vezes, à semana.
Tema: CIVILIZAÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 22-09-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2320
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 7
Caderno:
Manchete: UM VISITANTE DESPREZÍVEL
Texto:
Para que o público desta terra lance o ridículo sobre esta pena atrevida que ousou dizer tantas inverdades, sobre a Bahia transcrevemos do Commercio de São Paulo, um trecho da carta que, sob o título El Brasil em instantânea, escreveu à Prensa de Buenos Ayres, o Sr. Francisco Graumontagne.
Ei-lo e que o público ria-se e ria-se muito da insensatez do nosso visitante:
Na Bahia. O panorama da terra supera tudo quanto, o prisma azulado de absinto, possa imaginar um parnasiano. A natureza é menos frondosa do que em Santos e no Rio, mais civilizada, ao passo que a gente o é menos...
Vista do mar, parece a cidade a decoração de um teatro, convencional e arbitraria. Assemelha-se a uma enorme pilha de baús pintado com todos os prismas de amarelo. A sua arquitetura é... coisa de negros, de um regulo africano. Assim e só assim a vista se oferece realmente soberba e fotograficamente, não haverá no mundo população mais pitoresca.
... Se Zola chegasse a conhecer esta cidade, o mundo teria já renunciado ao seu terceiro sentido...
Das portas e janelas, sai um mau cheiro de fritadas, e de frutas podres, que atordoa. Homens e mulheres estão juntos nos umbrais, de cócoras, ou escanchados nas baixas janelas, cochilando, comendo guloseimas que tiram de um tacho imundo. Tive de livrar meu traje de verão do contato das paredes. Todo este negro povo encarrapitado nos altos da cidade parece a bruxaria no ato do Mefistófeles. Para que a representação seja completa, vejo em um bairro grupos de mascarados, pois estão celebrando um carnaval que não sei a que gênero de calendário corresponde: suponho que seja o africano.
Há ruas que são verdadeiros abismos, aquelas que descem da parte alta da cidade. As casas parecem aqui jaulas. As caras negras que vêm desde os baixos produzem a impressão de estarem as jaulas cheias de tordos.
A parte alta da cidade, é absolutamente inaccessível a qualquer espécie de veículos. Sobre a moralidade deste povo semi-nu, não sei o que pensar, porque, na realidade, a nudez é sempre inocente.
O crescimento vegetativo é colossal.
As ruas estão coalhadas de gente negra.
Não há canto que não esteja abarrotado de negrinhos; para andar, é preciso ir separando-os com as mãos.....
Subo por assessores e cremailleres ao cume dos barretes em que ferve a negrada em montes horripilante e miserável, arrastando-se por entre o lixo daquelas ruas acidentadíssimas, com uma banana na boca e com um osso na mão, um rebolar lento, como quem sobe o Calvário, os olhos moribundos desmantelados os braços secos, como palitos de ébano. É um antro imundo e tristíssimo, em que se perde toda idéia de dignidade humana. Vejo um grande número de velhas, descalçadas e quase nuas, descobertas as pernas cheias de crostas, cobertos seios com um toral, que antes parece a manta de um matungo, e... não acrescentando mais nada, pedindo-te perdão leitor pelo que acabo de fazer, que ainda é uma pálida idéia da parda realidade.
Quase toda a população é negra, mulata e chim, da China. A pequena imigração européia produz uma carta cor de avelã. Esta atmosfera empana o branco e dá besunte ao negro. Ao fundirem-se as raças, surge uma graduação de matizes, desde o pez ao chocolate. Daqui manda o governo os vagabundos para todas as revoluções.
A população da Bahia não é inferior a 400 mil habitantes...
... Há mães milagrosas pela sua mocidade e tataravôs que ainda fecundam.
O espírito familiar é terníssimo comovedor nesta raça desventurada. Onde quer que ponha os olhos, nas planícies da parte alta e nessas ruas esbarrancadas, vejo o reboliço infantil alheio à sua inferioridade e ao seu destino nefasto. Assalta-me o sentido fraternal de levá-los a qualquer Arcádia e dedicar-me a apascentá-los, derretendo-me em generosidade branca por estes negrinhos. Andam todos com o traje que usavam no claustro materno, gateando pelas portas e janelas, rolando pelos passeios, expostos ao sol e com o focinhozinho todo enlambuzado de bananas.
De cada mulher, pende um cacho. De repente saem ao meio do regaço e põe-se a correr pelos passeios das ruas, como se acabassem de nascer. De quatro pés como bulldogs, olham-me atônitos e não sei que sentimento de solidariedade humana nasce em minha alma.
Pobres diabos, pobres negrinhos, vítimas dos brancos!
Saio da Bahia em condições de ser desinfetado, ou, melhor ainda, de que me raspem com lixa.
O público da Bahia, porém, sabe desprezar como merecem as afrontar desta ordem.
Ainda bem!
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: A ORDEM
Data da notícia: 07-03-1900
Ano:
Número: nº 18
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna:
Caderno:
Manchete: O BAIANO
Texto:
Lê-se numa das chistosas seções do Jornal do Commercio; “O filho do Pará ou do Amazonas, depois de residir por largos anos no Rio de Janeiro, perde o gosto pela pirara, pelo açaí, pelo guaraná, preferindo-lhes a pescadinha, o café quente, o caldo de cana ou a cajuada gelada.
O maranhense desapega-se do arroz e adapta-se ao pão. O cearense esquece-se da carne do sol e das atas, acostumando-se facilmente ao charque e às laranjas cariocas.
Alguns anos de estadia na Capital Federal são bastante para que filho de Pernambuco não se importe com as suas famosas mangas e abacaxis, de que tanto se orgulhava.
O mesmo se dá em relação às jabuticabas dos paulistas, os quais ficam desprezados em favor das uvas.
O mineiro fluminenciado torna-se ao fim de certo prazo, indiferente ao torresmo, à cambuquira, ao beiju, ao cuscuz, a farinha de milho ao lombo de porco.
O natural de Mato Grosso nem mais se recorda do sabor do Pacu; da mesma forma o oriundo do Rio Grande do Sul olvida-se completamente do churrasco genuíno e do mate chimarrão, adaptando-se correntemente o singelo bife com batatinhas.
Todos se desnacionalizam, sob o ponto de vista do paladar.
Menos o Baiano.
Dez, vinte, trinta anos que more aqui, ele continua a adorar o vatapá, salta de jubilo ao cheiro de uma moqueca, [...] e dança de alegria ao ver carne assada com molho de ferrugem, derrete-se de ternura ao chuchurrear o acaçá de leite, lacrima de gáudio ao sentir da língua o arder capitoso da malagueta e da deliciosa pimenta de cheiro, sem duvida o primeiro estimulante apetitoso do universo.
Baiano puro sangue jamais se habitua à insípida cozinha fluminense.
Nem aos bolinholos e doces de confeitaria.
Um ilustre conterrâneo de Castro Alves, membro da alta corporação, cidadão notável pelo saber e virtudes e que outrora exerceu o cargo de ministro de Estado, não se de digna de todos os dias, às tantas da tarde, parar em frente ao tabuleiro de uma rotunda crioula que vende coisas gostosas, à moda da Bahia, em uma das ruas mais transitadas da capital.
Pensa, e com toda razão, que isso não diminui o seu prestígio e a sua respeitabilidade.
É um baiano tão convencido como certo médico de alta reputação, especialista de nomeada o qual mandou fabricar uma lata peculiar, dividida em três compartimentos, dentro do qual leve para casa os quitutes preparados na Gruta.
Quem o ver reto e grave conduzindo o embrulho, julgará conter este instrumentos cirúrgicos, ou então exsuda tos patológicos para exames ao microscópio.
É caruru.”
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 06-05-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 138
Dia da semana:
Página: 4
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: COMO AS MULHERES AMAM
Texto:
As italianas por temperamento.
As espanholas por prazer.
As alemãs por sensualidade.
As russas por corrupção.
As orientais por hábito.
As austríacas por virtude.
As inglesas por higiene.
As crioulas por instinto
As americanas por cálculo.
As francesas por curiosidade.
As brasileiras...elas que o digam.
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 29-04-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 134
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 3
Caderno:
Manchete: PROSANDO
Texto:
Dois amigos se encontram por acaso e conversam sobre a festa de S. Benedicto. Fazem referência as “Chicas”. Ao que tudo indica “Chicas” seriam mulheres jovens que fugiam ao comportamento de moças de família na época. Deduz-se que se tratam de mulheres negras.
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 09-02-1900
Ano: Ano: 27
Número: nº 30
Dia da semana: Sexta-feira
Página:
Coluna:
Caderno:
Manchete: A ANTROPOFAGIA
Texto:
Em muitas tribos congolesas prática-se a antropofagia, que os europeus não puderam ainda extinguem apesar de todos os seus esforços.
Os belgas estabelecidos na África Central tem trabalhado muito para a desaparição de tão bárbaro costume, mas pouco ou nada tem conseguido.
Uma informação recentemente publicada do comandante Costermano dá a este propósito algumas curiosas notas.
Parece que, para satisfazerem o seu apetite, e para arranjarem “provisões”, os chefes dessas tribos antropófagos ditam leis terríveis. O membro duma tribo que bebe, por descuido, pelo copo do rei, ou que põe os pés no mesmo lugar pesado por ele, ou que lhe roça pela roupa é condenado à morte e a ser devorado.
O menor fato serve de pretexto para tão cruel penalidade e a execução do sentenciado é rodeado de grande aparato... dança-se, canta-se, etc., e em seguida é cortada a cabeça à vítima. Com o sangue a vítima e assada e servida num Banquete que o chefe oferece os seus guerreiros.
Os ossos do sentenciado são lançados num ossuário que há entrada do povoado, e quanto mais cheiro ele estiver, mais considerado é a tribo!
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 02-04-1900
Ano: Ano: XXI
Número: nº: 6060
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: Editorial
Caderno:
Manchete: PARA O MATADOURO
Texto:
Em uma de nossas últimas edições, demos a nota de ter vindo de S. Amaro uma louca, para ser recolhida à casa de correção, onde permanecerá até que se dê vaga no Asilo S. João de Deus.
Essa infeliz é uma rapariguinha e veio escoltada por dois soldados, dando o mais pungente espetáculo desde o ponto de desembarque até a casa de correção.
Ao chegar em frente ao Café Amazona, a desventurada desnudou-se, arrancando um velho xale, que era um dos poucos farrapos que a cobriam.
E não descrevemos mais o cena, para somente dizermos aos poderes competentes que não é a primeira vez que se conduzem loucos para o matadouro da correção da forma por que foi conduzida a infeliz de que nos ocupamos...
(OBS.: Foi impossível ler o resto da matéria, jornal em estágio S.C.U. - Sem Condições de Uso). Nome encontrado sobre o mesmo caso em 04 de Abril de 1900: Maria Francisca de Oliveira.
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 14-03-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna: Ridendo
Caderno:
Manchete: O CARRASCO DE OURO PRETO
Texto:
Houve, antigamente, na província de Minas, na cidade de Ouro Preto, antes de ter sido abolida, de fato, pelo último imperador a pena de morte, um afamado carrasco, cuja aptidão nos fúnebres serviços da forca era muitíssimo acatada. Thiago, ou diversamente, que mal lhe apurei o batismo, era chamado o forte e brunido negro, que neste mister de matar, em nome da lei, granjeara o respeito de cinco províncias, pelas quais andava a acudir às empreitadas da justiça impiedosa e bárbara.
Thiago, na sua profissão, não tinha ódios. Vinha, ao contrario a sua celebridade do carinho pérfido com que tratava as vítimas, dispensando-lhes toda sorte de falsos confortos, pelos quais se revelava e seu caráter de selvagem mensageiro dos túmulos e lisonjeado servidor da morte; [Umas?] se enganavam, outras - não, mas todas o descaridoso homem ia dizendo meiguices em fel, como tripudiar da agonia prometida e esperada. Depois, ao vivo calor das falas e risos, que deveriam ferir como as pontas de ferros envenenados, Thiago, de um salto, à semelhança das feras esfaimadas, retesava com o peso do seu opulento corpo as cordas assassinas, deliciando-se no estrebuchar do estrangulado, cuja lama, resgatada por tão vil martírio, bem devera merecer a infinita e salvadora misericórdia de Deus eterno!
Tenho pensado neste carrasco, quando medito no processo das traições que, hoje, barbarizaram a fé da palavra Republicana neste pedaço infeliz da terra Brasileira.
(...)
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 21-11-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: ESTADO DA BAHIA
Texto:
O texto refere-se a transcrição de uma matéria editada pelo jornal português A Época sobre o estado da Bahia. Traz, no seguinte trecho, uma referência a vinda dos portugueses para o Brasil:
Para ali se dirigiam em corrente selecionada, ondas de emigrantes que moralizados no trabalho bom, nos doces costumes e no agasalho dos naturais, tem, como em nenhuma outra parte, melhor atestado o préstimo desta raça de privilegio. Na Bahia, como em lugar algum em mais alto grau, existiu sempre, como existe hoje, a mais intima aliança harmonia e amizade entre brasileiros e portugueses dando-se ali fatos singulares, quase fenomenais, que, noutros lugares, seriam impossíveis.
Tema: COMPORTAMENTO
Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO
Data da notícia: 04-01-1906
Ano: Ano: 2
Número: nº 135
Dia da semana: Quinta-feira
Página:
Coluna: Diário das Ruas
Caderno:
Manchete: PAIXÃO E LOUCURA
Texto:
Mario de tal, crioulo, alfaiate, de 18 anos de idade, tem uma namorada que, ao que parece, não morre de amores por ele. O resultado dessa paixão mal correspondida foi o Mario, cansado de sofrer os desprezos de sua bela, perder o juízo, na manhã de ontem.
E, nesse estado, enfurecido contra um Santo Antônio de sua devoção, ao qual encomendara o bom êxito de sua causa, deu um soco no nicho, onde o casamenteiro santa estava agasalhado, pondo em mil pedaços o seu frontispício de vidro.
Aconteceu-lhe, porém, por castigo de sua profanação, ficar com rosto, e a mão e antebraço direitos bastante retalhados.
O inditoso namorado foi conduzido para o Hospital Santa Isabel, a fim de medicar-lhe convenientemente.
Tema: CONFLITOS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 26-01-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2129
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: 6
Caderno:
Manchete: UM INFELIZ
Texto:
A propósito das declarações feitas na polícia menor João Pacifico dos Santos, sobre o espancamento de que foi vítima, publicamos hoje o respectivo [...] de perguntas...
Perguntado como se deu o fato resultou sair ele respondente com as contusões e esquimoses que apresenta?
Respondeu que sendo ele respondente encarregado de levar diariamente o almoço no escritório do Sr. Vieira Lima Filho a treze dias que não lhe falha a memória, foi cumprir esse seu trabalho; que ao chegar ao escritório, seu patrão lhe ordenara que voltasse até sua casa e fosse no bolso de uma calça; que ele respondente foi chamado por Antônio de tal pardo, empregado no serviço da casa de negocio, que seu amo lhe mandava chamar, que voltando ele respondente ao chegar no escritório foi acusado pelo patrão de autoria do furto de parafusos de cama três pacotes de limas e um cabeção; que ele respondente negando a autoria do furto foi logo aí esmurrado e conduzido para o sótão...
Perguntado se ele respondente declarou ao sub-comissário da Conceição da Praia que se achava espancado? Respondeu que nada disse ao Senhor sub-comissário, porque quando saiu do escritório, um homem de cor parda e trabalhador do escritório lhe dissera: você vai para a Estação, se declarar que apanhou tomara maior surra...