Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 15-10-1904
Ano:
Número:
Dia da semana: Sábado
Página:
Coluna:
Caderno:
Manchete: CANDOMBLÉ
Texto:
Por determinação do Dr. Casseano Lopes, o sub-comissário do distrito de Nazaré acompanhado do escrivão tenente Góes Tourinho pôs ontem, cerco a um grande candomblé à ladeira de Nazaré, prendendo 14 indivíduos.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 14-10-1916
Ano:
Número:
Dia da semana: Sábado
Página:
Coluna:
Caderno:
Manchete: O MUNICÍPIO (Santo Amaro – BA) CURANDEIRA OU FEITICEIRA?
Texto:
Por três vezes nos chegam diversas queixas contra o meio de vida escolhido por uma tal Adelia, por alcunha Didi, residente a estrada do Jericó.
É o caso que a referida espertalhona, sem o menor escrúpulo se arroja a indicar e fornecer beberagens que diz serem ótimas para o tratamento de moléstias. Até aí nosso código penal tem prevista a respectiva punição, porém a coisa é muitíssimo mais grave e por tal, bem digna de ser ouvida pela polícia.
Os doentes que ali vão, entre as quais algumas senhoras, que sabemos os nomes, raramente voltam sem serias complicações de seus incômodos. Múltiplas vezes os clínicos desta cidade tem encontrado invencíveis dificuldades diagnosticas e estamos convencidos em tais casos de verdadeiros envenenamentos por substâncias vegetais ainda não conhecidas pela medicina.
A bem pouco tempo uma distinta senhora, complicada por esta feiticeira (que chamamos envenenadora) foi examinada por quase todos os clínicos desta Cidade e por alguns da capital e o seu sofrimento terminou pela morte, nunca foi determinado.
Fatos desta ordem são mais constantes do que se supõe e sob o domínio desta prestigiosa casta de curandeiros acha-se exposta à crendice dos que ignoram uma moléstia, qualquer que seja só poderá curar depois de feito o diagnostico com a aplicação racional de medicamentos. Nesta Cidade o número de curandeiros é tão elevado que não há um caso de moléstia grave que eles não surjam, mesmo em presença do clinico responsável pelo tratamento.
O embaraço se estabelece no espírito da família do doente e raro é o caso que a par dos remédios aconselhados pelo medico não sejam aplicados, escondidamente as tisanas dos ignorantes.
O resultado, a mais das vezes é funesto, por que o clinico foi enganado e fatalmente irá se enganar com a terapêutica a seguir.
No lugar denominado “A Linha”, a margem da estrada de ferro e perto da Rua dos Velhacos, ainda reside um celebre curandeiro que tem por hábito, além da aplicação de plantas, surrar os doentes com hastes e folhas de cansanção.
Não tem muito tempo que uma senhora (levada pelo próprio marido) dali saiu horrivelmente flagelada e em estado de completa loucura. Fatos dessa ordem, já do domínio público, merecem a investigação enérgica de nossa polícia e esperamos as devidas providências para a segurança da população e mais orientação nos diagnósticos domésticos, porque esses deixarão de ser chamados após os curandeiros como acontece sempre. Quantos feitiços (que chamamos venenos arranjados na flora pelos perigosos curandeiros) são essencialmente freqüentes.
Ora há um moço que adoece gravemente e morre, ora uma pobre mãe de Família, cujo marido é ambicionado, morre de mal desconhecido ora uma cruel vingança e ora um horrível atentado da inveja se exerce e os miseráveis feiticeiros a troco de alguns níqueis despacham para o além, centenas de vítimas. Esse assunto é vastíssimo e lamentamos a falta de espaço que nos limita a pena.
Em todo caso endereçamos estas linhas à polícia de Santo Amaro.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A ORDEM
Data da notícia: 24-02-1900
Ano:
Número: nº 16
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna:
Caderno:
Manchete: CURAS MILAGROSAS
Texto:
[Relata da Gazeta de Minas, os feitos de um curandeiro professor Faustino, onde fez aplicações obtendo bons resultados curando uma senhora, idosa, paralítica e outra senhora (entre parênteses “preta”) e prossegue apresentando mais dois feitos do autor.]
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A ORDEM
Data da notícia: 10-08-1900
Ano:
Número: nº 61
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 3
Coluna:
Caderno:
Manchete: NOVO ANTÔNIO CONSELHEIRO
Texto:
Diz a “Procelária”, do Carmo do Rio Verde, estar no distrito da Virgínia, em lugar denominado Potreiro, um negro boçal a praticar curas em pobres beócios que vão consultá-lo, proclamando-se inspirado de N. S. da Aparecida, com quem entretém colóquios e de quem recebeu instruções para fazer curas milagrosas.
Manda respeitar o sábado, como dia consagrado a N. S., proibindo nele trabalho de qualquer espécie; ordena jejuns, abstinências nas quartas, quintas e sextas-feiras e critica acremente em suas predicas os seus ouvintes a Igreja, porque licenciou carnes nas sextas-feiras e os padres, porque recebem espórtulas por seus trabalhos.
O remédio infalível que usa é ensopar os pobres doentes da cabeça aos pés com água fria benta, segundo um ritual fetichista de sua invenção, ordenando-lhes que deixem secá-la no corpo.
Cegos, aleijados, paralíticos, morféticos, enfim doentes de todas as espécies, até imaginários, para quem a ciência não achou ainda recursos, ele garante curar, se se sujeitarem piamente ser ele um inspirado do céu.
Para não suscitar suspeitas sobre sua estratégia gananciosa, não recebe por suas fantásticas curas esmolas, além de 2$000, que diz entregá-las a N. S. da Aparecida, porém que sem duvida engrossam seu bolsinho.
Traz em sua companhia sua mulher, uma negra “inspirada”, que também faz aplicações aos doentes, sujeitando-os, porém, à aprovação do mundo.
Pelas informações que colhemos, “o santo milagroso” foi escravo do falecido capitão João Carneiro de Paiva.
Entretanto, uma emigração continua dos lugares circunvizinhos aflui aos milhares ao Potreiro para consultar o “santo milagroso”, o “inspirado” de N. S. da Aparecera.
Acrescenta o colega, que, entre a clientela do pretinho, figuram pessoas da maior respeitabilidade, e que as autoridades de Pouso Alto fazem vista grossa à patifaria.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A ORDEM
Data da notícia: 21-02-1900
Ano:
Número: nº 15
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna: Avulsas
Caderno:
Manchete:
Texto:
Notícia a “Cidade de Tatuí” (S. Paulo), que há dias apareceu ali um indivíduo, moreno escuro, baixo, de tronco robusto, nariz descido, parecendo ser baiano, que tem por ofício receber crianças.
Tal “personagem” intitula-se curandeiro, e já furtou meninos em Vila Bela, Jacareí e agora em Tatuí.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 24-02-1900
Ano: Ano: 27
Número: nº 42
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: FEITIÇARIA Manejas de um espertalhão - Diligência policial - Fortuna Ambicionada - Documentos falsos.
Texto:
Sob o titulo e subtítulos acima, dá a Jornal do Brasil de 17 do corrente a seguinte interessante local, que atesto a influencia perniciosa que certas.... podem exercer sobre incautos e simples.
Um indivíduo de cor preta, mal encarado e morador no Meier, davam consultas em sua residência, que era muito freqüentada por grande número de pessoas que iam ali por ouvirem dizer que o tal indivíduo dava fortunas e arranjava casamentos por meio de feitiçaria.
Se uns acreditavam nos trabalhos do preto, outros iam lá por simples curiosidade ou então para ridicularizá-lo.
Ultimamente, o feiticeiro que se chama João Narciso de Moraes, por meio, de seus trabalhos, conseguiu captar a simpatia de uma moça menor, filha de uma senhora viúva, moradora da localidade.
Mais longe ainda foi a audácia do velhaco, pois raptou-a, levando-a para Niterói onde, segundo parece, a desvirginou.
Como ainda não bastasse, o feiticeiro, sabendo que a moça herdará de seu velho pai alguns prédios e cento e tanto contos em apólices e insinuando por mais alguns indivíduos, tratou dos papeis para casar-se com a raptada.
O Dr. Villela de Gusmão, delegado da 17ª circunscrição, tendo conhecimento deste fato pela queixa apresentada pela mãe da menor raptada, conseguiu prender João Narciso, que fio recolhido ao xadrez.
Aquela senhora declarou a mesma autoridade que preferia sua filha fosse para um recolhimento a consentir na realização de tal enlace.
Em poder do feiticeiro foram encontrados falsos documentos, tais como certidões de idade e um atestado, pelo qual a mãe da menor raptada dava consentimento para o seu casamento.
Como a autoridade tivesse chegado à conclusão de que na falsificação desses papéis trabalharam ainda outros indivíduos, companheiros do feiticeiro no crime, prendeu ontem um indivíduo e ordenou então providências para a prisão de mais alguns.
A menor conta apenas 15 anos de idade e é extremamente simpática.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 12-08-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 152
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: TENHO IMPLICADO
Texto:
...com a mágica da loteria do Rosário dos Percevejos, porque, na extração de domingo passado, para se encontrar o bilro do premio maior foi preciso correr o bozó duas vezes...
Implicante.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 29-04-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: XXXXXXXXXX
Caderno:
Manchete: SUB-COMISSÁRIO MODELO
Texto:
Devido aos esforços do sub-comissário do 1o distrito de Santo Antônio, major A. Fernandes, acha-se em paz o seu distrito e já se pode andar na rua a qualquer hora da noite, ou do dia, pois tem acabado com o ajuntamento dos capadócios, com as casas de jogos, candomblés e todos mais abusos, que no seu distrito existiam. Devemos isto ao digno Dr. Fernandes, por ter escolhido para sub-comissário homens que sabem cumprir com seus deveres.
Parabéns ao enérgico sub-comissário.
Os amigos da paz.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 22-05-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: Polícia
Caderno:
Manchete: CANDOMBLÉ
Texto:
Pedem-nos para chamarmos a atenção da polícia para um candomblé existente no Garcia, onde há quase 15 dias durante as noites, há toques de pandeiro, canzás e tabaques, os quais fazem um “barulho infernal”, incomodando extraordinàriamente as famílias ali residentes.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 06-02-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: Polícia
Caderno:
Manchete: POLÍCIA
Texto:
No sub-commissariado do 1o distrito da Vitória, foi ouvido um auto de perguntas um africano, envolvido em certo negócio de feitiçaria, com um fazendeiro do centro do estado, que o procurou para, mediante a remuneração de 1:200$, fornecer-lhe ervas para aplicação a várias pessoas.
Brevemente nos ocuparemos mais minuciosamente do assunto.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 06-02-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 2
Coluna: XXXXXXXXXX
Caderno:
Manchete: POLÍCIA
Texto:
(...)
_Por causa do jogo de búzios, Semeão Antônio da Conceição, armado de compasso, fez ontem, as 4 horas da tarde, no Cães Dourado, um ferimento no braço de Herculano Cardoso de Souza, pelo que foi preso e recolhido a estação policial do comercio, sendo o ofendido enviado para o hospital Santa Izabel.
_Pelo sub-comissário da Rua do Passo, foram presos ontem, e recolhidos à casa de correção, Leopoldino Bispo da Hora e Francisco Manuel Semões por estarem promovendo desordens na Rua da Vala.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 16-12-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: CANDOMBLÉ
Texto:
Queixaram-se-nos, ontem, moradores da Rua do Barbalho, 1o distrito de Santo Antônio, de que são incomodados por arrojado batucagé, que aos domingos, desde as 9 horas da manhã até as 9 da noite, ali tem exercido, a título de ensaio carnavalesco.
Não somos contra as diversões populares - já uma vez o dissemos - mas quando elas excedem as raias do tolerável, não podemos applaudí-las.
Aí fica, por conseguinte, a queixa, a qual por lhe temos sido eco, talvez faça duplicar o incômodo aos queixosos.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 17-11-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: AFOGADOS
Texto:
Pela tarde de anteontem andava pela estrada Dois de Julho do Porto do Saveiro à Fonte Nova, uma praça do 5o batalhão da artilharia de posição de revolver em punho chagando a dar alguns disparos.
Ontem foi vista a mesma praça num candomblé, no porto do Saveiro, foi bastante exaltada e constantemente empunhando o revolver, ameaçando a muitos.
No auge da sua hesitação apanha um frango no terreiro, estrangula-o, arranca-lhe o pescoço, e bebe o sangue do animal anda debatendo-se.
Não saciado, come e procura um cão, declarando só apetecer-lhe a carne de cachorro.
Após pedidos e admoestações das pessoas presentes, acalma-se-lhe o ânimo.
Inesperadamente e tranqüilo vai a passear pela margem do Dique e chegando ao referido porto, tira as botinas, o cinturão, a calça e o quepe com o revólver tudo deixa em terra; entra na água, nadando até a bóia de amarração de um saveiro, nela se apoiando.
Passados alguns instantes, ouviu-se o seguinte grito: e acudam que eu morro!
De pronto foi o seu socorro um saveiro, e mal chega no ponto, a infeliz praça larga a bóia e se afunda nas águas.
Mergulham, sondam e tudo em vão!
Isto passou-se à tardinha. Pela noite, compareceram ao local o inspetor do quarteirão e algumas praças do exército. Até hoje, pelas 8 horas da manhã, não tinha flutuado o cadáver.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 18-11-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: AFOGADO
Texto:
(Manchete aqui reportada por se tratar da conclusão da manchete anterior)
Pela manhã de hoje, flutuou no dique, nas imediações do porto do Saveiro, o cadáver da praça do exército, ali afogada, no domingo, segundo noticiamos.
Foi hoje retirado o corpo, às 8 horas da manhã, sendo conduzido em padiola do 5o batalhão de artilharia.
O praça chamava-se Antônio Rodrigues e pertencia a 3a bateria do referido batalhão.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 18-11-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: FETICHISMO
Texto:
Deveras depoente do grau do nosso adiantamento intelectual é a condescendência criminosa, para a prática constante e diária de candomblés no seio desta capital em suas circunvizinhanças onde se multiplicam esses antros de fanatismo e perdição.
Nas imediações do Dique, distrito de Brotas, funcionam muitos terreiros, dia à noite, com o atrevimento que concede a garantia, ou o descuido policiais.
De ordinários, tais centros atraem pessoas de reprovável comportamento, o que origina conflitos de toda a sorte de fatos atentatórios da moral.
Não fosse o candomblé da Cabocla ao porto dos Saveiros, e não se teria dado a morte do infeliz praça da infantaria, segundo noticiamos.
Fica assim notificado nosso protesto.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 16-10-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: PERIGO
Texto:
Edificamos nos revelamos anteontem ao estudarmos a sem cerimônia com que um indivíduo, não diplomado e que já recebeu uma intimação proibitiva por parte do poder competente, continua a alardear o seu charlatanismo terapêutico, oferecendo dessa maneira o respeito devido a autoridade que lhe proibiu a criminosa clinica.
Entretanto, se esse fato é realmente grave sob o ponto de vista moral, seria ainda assim de somenos importância para os interesses gerais, se por ventura o ousado curandeiro se limitasse a fazer infrutíferas bravatas contra as autoridades sanitárias, não continuando, contudo, a exercer a sua medicina ilegal e criminosa: tal não é o caso, porém.
O Sr. professor Faustino tem já convites, segundo o artigo que anteontem nos referimos, para ir a Nazaré, Santo Amaro, Cachoeira, Feira de Santana e Juazeiro.
Ele irá com certeza, atendendo as suas imposições manuais, por este nosso infeliz Estado, ao qual já tanto mal têm feito os “conselheiros” e outros dessa espécie que por cá tem andado.
Cumpre-se que, uma vez por todas, cesse a tola pretensão de que os processos do Sr. Faustino não sejam de forma alguma prejudiciais, desde que não emprega ele nenhuma droga ou produto medicinal de qualquer espécie; é uma completa ilusão. Quando pior não faça, pelo menos a terapêutica manual do aludido curandeiro apresentará o perigo que figuraremos na hipótese seguinte: o indivíduo A tem, suponhamos, uma moléstia de origem sifilítica e da qual uma das manifestações é a dor de cabeça intensa e característica; este indivíduo esta sendo sujeito a uma medicação especial que o porá bom. Inteiramente bom, no fim de certo prazo, desde que não tenha ele algumas das lesões irreparáveis da infecção unteriana. Nesse entretanto, aparece o apregoado curandeiro, a transformar suas mãos em verdadeira cornucópia de milagres, o doente insulta-o e ele, ignorante das coisas medicas, incapaz de diferenciar uma dor de cabeça comum, nervosa, de outra infecciosa, garante a cura ao pobre, sujeita-o às imposições das suas mãos, enche-os de sugestão, conseguindo de fato melhorar consideravelmente a dor de cabeça de que padecia o doente.
A cura será proclamada gloriosamente aos quatro ventos, atestados serão passados, a admiração e os espantos dos basbaques chegarão ao auge, os medicamentos serão completamente desprezados pelo doente, que acha muito mais cômodo sofrer as imposições das santas mãos faustinianas, do que suportar a picada da agulha para a medicação hipodérmica, ou o gosto salino e aborrecido dos iodetos.
Entretanto, enquanto o poder da sugestão diminui a sensibilidade dos nervos, fazendo crescer a cefalalgia intensa que tanto martírio dava ao paciente, as lesões da infecção ganham terreno, os seus agentes específicos folgam e cantam vitória com a ausência dos medicamentos, e lá vem uma manhã em que, ao despertar encontra-se o curado da viseira a não poder abrir os olhos, ou completamente paralítico de um lado, ou incapaz de andar, enfim com uma das múltiplas manifestações graves da sífilis: e não se tardarão a se apresentarem em cena a lesões completa irrevogavelmente irreparáveis.
Perguntamos: de quem a responsabilidade de tão triste desgraça? Não haverá um único homem de senso que sem hesitar não responda: a responsabilidade cabe única e exclusivamente a terapêutica, dita inofensiva, do Sr. Faustino.
E o exemplo, que palidamente esboçamos, é tirado de uma das inúmeras hipóteses que se podem dar, em que a saúde dos nossos conterrâneos perigue na sua estabilidade, graças à indiferença com que a repartição de higiene vai consentindo em que sejam burladas as suas mais eficazes ordens.
Já não queremos falar d outros prejuízos que podem trazer a excursão do professor, como sejam o abandono do trabalho, a malandragem constituída, aumentando o gosto pelo sobrenatural e [...] os instintos supersticiosos das nossas populações do interior.
Eis o que vai fazer pelo interior do nosso Estado o Sr. Faustino, cujas ações parece que já deixaram de estar sujeitas à fiscalização de higiene, desde quando todas essas infrações da lei, todas essas criminosas excursões medicas continuam a ser feitas e com a mais completa publicidade, descrito o itinerário, exposto à leitura em gazetas os projeto de viagem e os lugares que serão visitados, publicadas pela imprensa os testemunhos das curas suposta ou realmente realizadas.
Que vai fazer o Sr. Dr. Inspetor de higiene, diante do projeto previamente anunciado de uma excursão do curandeiro por uma serie de lugares do nosso Estado? vai por ventura cruzar os braços e deixar fazer? E os nossos conterrâneos do interior ficarão enormemente sujeitos aos perigos de tão desastrada terapêutica, aplicadas por um indivíduo que se jacta de não ter as mais rudimentares noções de medicina?
Eis o que não é possível!! A repartição de higiene cumpre agir e quanto antes, a fim de impedir que continue o atentado contra a saúde de nossos patrícios e o flauteio feito as suas determinações. É o que esperamos e pedimos que não tarde a ser feito, ficando desde já lavrado o nosso protesto contra a ameaça que está iminente sobre a cabeça de nossos co-estaduamos.
Concluindo, não podemos calar o nosso espanto por vermos que uma das primeiras visitas do criminoso curandeiro foi para o primeiro magistrado estadual, o Dr. Governador, com quem longamente conferenciou; qual o assunto dessa conferência? Que pato foi firmado entre os dois?
Eis o que não sabemos.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 14-10-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: FLAUTEANDO
Texto:
Bem dizer por aí que o Brasil, como a França, é o país dos papelórios; tudo faz-se no papel, as medidas mais enérgicas e mais extraordinárias são tomadas no que se escreve...as. Quando é chegada a gora da execução, quando é ocasião oportuna para fazê-las entrar em vigor, quem as encontra mais? Ficaram no papel...
Foi o que se viu em relação a um intitulado Professor Faustino, que entre nós apareceu a inculcar-se como panacéia universal, a curar todos os males com a simples imposição de suas mãos: foi aberto um consultório público, a concorrência de doentes de toda espécie era enorme e, - já que estamos a explicar fatos digamos a verdade por inteira - a repartição sanitária só viu o que a Bahia inteira já tinha, havia muito, visto quando para o fato chamou-lhe a atenção um considerado órgão da imprensa baiana.
Nomeada uma comissão medica, reconheceu que os fatos alegados pelo curandeiro, apenas sendo curadas no decanto consultório mesmeriano aquelas pessoas cujas moléstias eram possíveis de serem debeladas pela sugestão, chamando ainda a atenção para o perigo que havia na promiscuidade de moléstias ali existentes, e pedindo que providências fossem tomadas a fim de ser impedido aquele vergonhoso espetáculo.
Esse relatório foi apresentado as autoridades competentes, acompanhado de um luminoso parecer assinado pelo Dr. Inspetor de Higiene e abundando nas mesmas idéias de seus subordinados
Foi proibida a continuação da estada do consultório aberto a concorrência pública, a pretender processar o Dr. Inspetor de Higiene, o que parece-nos ser vezo atual de todos aqueles que ouvem verdades um tanto amargas, continuou por muito tempo a receber doentes em sua casa à Vitória, como sabemos por doente que lá esteve, e até os seus últimos dias de estada entre nos continuou a visitar a carro todos aqueles que tinham os necessários meios para convenientemente gozarem dessa regalia. E o que faz a repartição sanitária? Por ventura tomou as medidas que devia tomar?
De maneira alguma? Ela devia, desde que o fato era público e notório, desde que todos o viam, chamar a atenção do professor, adverti-lo, fazer testemunhar devidamente o fato, coisa, aliás, facílima, e depois, caso não entrasse nas regras de correção o teimoso curandeiro, cuja ousadia chegará a ponto de escrever e publicar artigos insultuosos ao Dr. Chefe da repartição sanitária, processá-lo convenientemente, fazendo-lhe aplicar as penas exaradas no $ 1 do art. 48 do regulamento respectivo e impedindo-o por qualquer forma de exercera profissão médica, requerendo mesmo em casos de necessidade o auxilio das competentes autoridades policiais.
Não foi o que se fez: o curandeiro continuou a exercer suas pretensas curas e, portanto, desde esse momento começou a fazer um verdadeiro flauteio à nossa repartição sanitária.
Não contente com isso, o interessante professor seguiu em viagem pelo centro do Estado estabeleceu a sua tenda milagrosa em PeriPeri, em Alagoinhas e finalmente na vila do Catú. Nessa última localidade a coisa foi às claras; em gazeta dessa capital foi publicado um artiguete assinado - “Os catuensses” na qual se dizia que lá estava o professor “no exercício de suas curas”. Ora, aí esta a confissão pública e evidente de que continuava a desobediência aos regulamentos sanitários: o que fez a higiene? Nada, que nos conste?
Por ventura a higiene limita-se aos domínios exclusivos desta cidade?
Mas ainda não é só acaba o professor de chegar do centro, acha-se entre nós e, ainda não muitos dias, era publicada nos ineditoriais do nosso jornal uma relação das pretensas curas lá realizadas, acrescentando-se que, ao chegar, esteve ele em longa conferencia com o Dr. Governador do Estado, como também que tem diversos convites para ir a Nazaré, Santo Amaro, Cachoeira, Feira de Santana e Juazeiro, e finalizando por declarar que, “O professor permanecerá nesta capital até o fim do mês, não reabrindo, porém, o seu gabinete, por motivo de descanso!”
Mas, afinal de contas, o professor Faustino esta flauteando a repartição de higiene, nem outra significação podem ter as palavras que acima transcrevemos; presta-nos bem atenção: ele não reabre o seu gabinete, não é em atenção às ordens da inspetoria de Higiene, não em obediência às mesmas, não é porque receie a aplicação das penalidades da lei, mas simplesmente por motivo de descanso!
A nosso ver, isso é o maior insulto que poderia dirigir indispensável força moral de que se deve cercar uma repartição de tão súbito valor: uma declaração dessa espécie, a qual não foi contestada por pessoa alguma, já é reincidência de culpa, merecendo, portanto, as penalidades máximas.
No entanto, a repartição competente não fez o devido reparo nisso, não procurou fazer se aquela afirmação partia do próprio professor. Aliás, a pena aplicável aos casos de reincidência já deveria ter sido importada ao corajoso curandeiro, desde que do alto da imprensa foi feita a confissão de que pelo centro exerceu ele ilegalmente a medicina, apesar da expressa proibição da lei e da repartição de higiene.
Mas não, de boa vontade esta se deixando esta última flautear, desprezadas as suas determinações, servindo de risonha as suas ordens! Já é muita paciência, na verdade!
Contudo, outro perigo vemos nós aludido ineditorial, perigo muito mais sério que os flauteios do professor, desde que diz respeito à saúde pública: a ele nos referimos amanhã.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 21-10-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: O PROFESSOR FAUSTINO E A INSPETORIA DE HIGIENE
Texto:
Com estranha anomalia, e sempre com crescente curiosidade, se vão desenrolando aqui os fatos que se propalam das fantásticas tentativas deste inesperado e já famoso curandeiro
Sempre impulsos de um espírito crente, convicto de força, de um dom sobrenatural, apto a realizar intensas e rápidas sugestões, ou impávidas manipulações da magia ou do sortilégio; o que é certo é que, a crença geral já se avoluma muito em torno do explorador.
Como Galiléa de outra ora, há aqui talvez as mesmas tiranias e as esperanças contra os males comuns; e por isso esta o meio preparado, longamente elaborado para os germens das ilusões
Que importa realizem-se estas na ventura com que os candomblés festejam o santo do dia, ou em práticas charlatanescas com que profissionais conhecidos apregoam também a excelência de seus métodos para todas as curas?
Domínio de terreiro ou de alcova é questão de maior ou de menor dose de poder sugestivo ou fascinador com que os espertos vencem sempre aos tímidos, encontrando nesses os instrumentos a apregoarem e gravarem suas inexcedíveis virtudes
Entre uns e outros, entre o atordoamento dos Candomblés e os passes do hipinotismo, um lugar de honra não pode ser recusado ao Faustino, como elemento de transição, entre o fetichismo e o ocultismo.
É mesmo presumível que ninguém ouse tentar-lhe a supremacia, maus grados que bem e desinteressadamente conheçam o assunto, resignem-se ao conselho salutar das simbólicas e angustiantes invocações da fé.
Mas, é inegável que o registro da curas do professor parece se avolumar: e a forma do Dr. “Bota-mão” se irradia além do Estado.
Tudo prezaria que ele apenas esboça sua obra, e que esta cresça e se multiplique pela infinidade de proselitismo - “numeros stultorum infinitus”
Entre um convicto e um explorador, entre as duas hipóteses, a primeira suscitaria, no íntimo indefinível das esperanças e das ilusões, esse segredo que define, estatue e multiplica suas curas.
Não seria possível recusá-las em nosso meio, onde as superstições de todos os gêneros se alastram em todas as camadas sociais.
Certamente que são estas, irmanadas pela feitiçaria de muitos e pelas revelações de outros, agravadas pelas condições gerais de desanimo e decadência, pela nostalgia de tamanhas misérias que perpassam como sombras aterradoras da magia negra, os fatores a exteriorizarem os fluidos que se desprendem das mãos do inconsciente taumaturgo, ou da catálise de seus invocados.
Não é, porém, sob tal ponto de vista, abstrato ou doutrinário, que nos demovem essas considerações.
Nada temos a ver com a velha fórmula que é a fé que cura; e os doentes que se julgam curados pelo professor, o forem por se mesmos, por auto- sugestão, o que nos importa é o procedimento de nossas autoridades sanitárias, a revalidação de seus preceitos ou a derrocada de seu prestigio
A princípio tentou-se, sob a égide do Dr. Inspetor de higiene, coibir estas práticas de magia com a vigência do código penal.
Foi até arruído que ia fazendo do curandeiro uma vítima para o aumento simultâneo do proselitismo. O feitiço ia se virando contra o feiticeiro e ao mesmo tempo que se anunciava a querela por crime de injuria conta o Dr. Inspetor de higiene, houve quem afirmasse, em grande número no sexo frágil, a inocuidade das mãos do curandeiro em relação às laminas afiadas de perigosos bisturis.
Agora, porém, o curandeiro penetra umbrais do palácio da Vitória, e conta o próprio governador do Estado intrusos clientes, dóceis, eivados do mesmo fanatismo por seu estranho poder. É o próprio governador quem lhe vem suplicar o misericordioso milagre da cura para sobrinhos, queridos e afagados, tarados da surdo-mudez congênita.
Para um filósofo o fato tem mais de uma face a ser meditada: mas é irrecusável o epílogo de que, em nosso meio, o primeiro personagem, o representante bastardo do poder e das instituições, não se furte à generalização boçal do fetichismo.
Nesta tão peculiar exteriorização de preconceitos, talvez esteja o segredo larvado de nossa politicagem e de nossa decadência. Dissipam-se, por instantes, nas vertigens, e irremediáveis nas manifestações doentias do espírito, os sentimentos superiores do amor, da lealdade, da abnegação e da castidade, no tripudio do gozo férvido e insaciável do sabbat e nos paroxismos impulsos da bestialidade
Os chaldaicos entoavam preces ao boi phalus.
Nada, portanto, mais curial e consentâneo que nossa primeira autoridade venha dar público testemunho de nosso fetichismo: é mesmo uma das feições esteriotipadas da astrologia.
Na seara da politicagem todos não lhe obedecem, não chamam-no de imaculado, de sol confortador, não proclamam seu predestino no altar da Pátria, dele que, sob o ponto de vista moral e intelectual e em suas feições estéticas, ainda não pode aperceber-se donde lhe veio a singular fascinação de sua magia?
O acaso fê-los: o acaso juntou-os, e é possível que se irmanem e se completem, pelo contagio das sugestões, delírio alterno, folie à deux, para os triunfos pregoeiros da crendice e para os segredos vitoriosos do obscurantismo. Mas, como precederá agora o Dr. Inspetor de higiene, delegado da confiança do governador do Estado, desde que o cenário Bota-mão é nos salões do governador?
Cada um aceita a medicina a seu talante, e onde falham as drogas, muitas vezes vencem as ervas, lá isto é verdade
Mas certamente que isto não poderá servir de escusas à proclamada hombridade do Dr., inspetor de higiene, que viu no curandeiro um perigo e um embuste, passível das infrações legais, e simultaneamente por ele ameaçado de processo- crime.
Di-lo-á sua consciência, di-lo-ão seus nobres colegas, os foros de ciência, os fulgores do ensino, as suas vastas pesquisas de sábio e as intermináveis páginas de profilaxia bubônica ou amarelil, pela campanha porfiada contra pulgas, muriçocas, contra ratos e mosquitos, que diante do novo prestigio e celebre renome do curandeiro, só lhe cabe imediato dever pelo abandono da inspetoria de higiene
Aliás, outro despeito poderá repetir que a ostra continua presa ao rochedo.
Grandier
Da A Baía, de 19 decorrente
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 21-04-1904
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: LEMOS NUM JORNAL
Texto:
A notícia sobre a “bruxa de Paris” é permeada pela mesma nomenclatura utilizada na descrição de curandeiros e feiticeiros. A reprodução desta matéria deve-se à sua função de exemplo àqueles que não estavam “no caminho certo” da civilização.
Numa pequena comuna, vizinha de Paris, um moço camponês, epiléptico, tinha esgotado todos os métodos médicos, sem conseguir curar-se. Desesperado, dirigiu-se a uma bruxa de grande nomeada em toda a região.
Deu-lhe primeiro o espetáculo habitual de uma cena de bruxaria; depois, quando o pobre diabo lhe parece suficientemente sugestionado, formulou-lhe a seguinte receita:
- É indispensável, disse ela, que vás profanar uma sepultura em que estiver amortalhado um homem há 8 dias. Abrirás o caixão, despirás o cadáver, corta-lhe-ás uma coxa, põe-no no almofariz; pulveriza-o o melhor que puderes.
Em seguida, deita-se esse pó num copo com água e bebes tudo: ficarás curado.
Não é realmente estranha no nosso tempo essa receita? Muito mais de surpreender é ainda o fato de ter sido utilizada. O desgraçado ignorante, que possuía um pequeno pecúlio, serviu-se do seu dinheiro para subornar o coveiro. Auxiliado por ele, executou todas as repugnantes e macabras prescrições da feiticeira e, finalmente, bebeu um copo do inominável liquido.
Decorridas horas, sentindo grandes náuseas, meteu-se na cama, chamou um medico e confessou-lhe tudo. O medico horrorizado, denunciou logo o coso a autoridade judiciária.
Aberto o inquérito, foram, presos a bruxa, o seu cliente e o coveiro.
Tema: CANDOMBLÉ, CURANDEIROS E FEITICEIROS
Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO
Data da notícia: 16-08-1905
Ano: Ano: 1
Número: nº 21
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: NUM CANDOMBLÉ As coisas do feitiço – Demência e morte
Texto:
Ontem, à tarde, quando se divertia em um candomblé, na estrada do Rio Vermelho, foi repentinamente atacado de uma síncope, que o prostrou por terra, sem sentidos, o cidadão Antônio Ernesto Soares.
Retirado para a sua residência, o infeliz, após incessante e penosíssima agonia, veio a falecer cerca de meia noite, sendo baldados todos os esforços empregados para salvá-lo
- Antônio Ernesto Soares fora há tempos oficial de polícia, tendo sido aposentado em virtude de seu estado de demência, proveniente de sua iniciação em coisas de feitiçaria.
- O seu enterro realizar-se-á hoje, às 4 horas da tarde, no cemitério do Campo Santo.