Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 02-04-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2136
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: DR. DYONISEU MARTINS
Texto:
Com máximo prazer registramos hoje mas um aniversário natalício do nosso distinto colega de redação Dr. Dyoniseu Martins, que a incontestáveis dotes intelectuais, adiciona qualidades morais; que o fazem merecedor da estima pública.
{...}
Além dos serviços que tem prestado a comunidade como jornalista e professor, no início da sua vida pública foi deputado geral pela Bahia e como tal, não obstante se achava em franca oposição ao ministério Rio Branco, pôs-se ao seu lado quando foi agitada a questão da emancipação do ventre da mulher escrava, regressando depois de terminada a gloriosa campanha para os arraiais dos que negavam apoio ao governo, em cujo número estavam entre outros, [...] de Sousa e Andrade Figueira.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 03-06-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2161
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 1
Coluna: 5
Caderno:
Manchete: VISITA
Texto:
Anteontem tivemos a grata satisfação de receber a visita do valente tribuno Sr. Dr. José Mariano Carneiro da Cunha, um dos próceres da abolição do elemento servil no Brasil.
Ss. veio agradecer-nos as referências que havíamos feito ao seu nome, noticiando a sua passagem por aqui.
Ao distinto democrata asseguramos que nada mais havíamos feito de que cumprido o nosso dever...
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 14-03-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2162
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: CASTRO ALVES
Texto:
Na data de hoje, em 1847, nasceu o genial poeta Antônio de Castro Alves, que pelos seus versos imortais passou à História.
Quanto pudéssemos dizer a seu respeito seria pouco e fraco, porque os mais [...] talentos já lhe celebraram o nome e a obra grandiosa com que enriqueceu a literatura pátria. Só queremos assinalar este aniversário de luz, o aparecimento dessa estrela que fulgurou com brilho imenso e apagou-se na terra para ressurgir no livro e na tradição gloriosa. E os intelectuais a respeitam e guardam como uma relíquia do passado, honrando a geração que foi, e servindo de farol à presente, como o será das gerações futuras.
Glória à Bahia por tão alevantado filho.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 13-03-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2170
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 3
Caderno: Notìcias
Manchete: RECORDAÇÃO HISTÓRICA
Texto:
Fez ontem 84 anos, que nasceu, nasceu, nesta capital, o grande patriota José Maria da Selva Paranhos, mais tarde Visconde do Rio Branco, o benemérito promulgador da áurea lei de 28 de setembro de 1871, vulgarmente conhecida pela denominação de Lei do Ventre Livre.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 18-03-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2171
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: 3
Caderno: Notìcias
Manchete: Dr. AUGUSTO GUIMARÃES
Texto:
Fez ontem 7 anos que deixou de existir o Sr. Augusto Álvares Guimarães, que tanto honrou a imprensa nacional, sendo reputado um dos seus mais eminentes paladinos.
Iniciou a sua carreira jornalística no O Abolicionista, que, com ardor, defendeu brilhantemente em 1872 a patriótica causa da abolição do elemento servil. Depois passou para o Diário da Baía, onde permaneceu longo período de tempo, pugnado sempre com denodo a felicidade da pátria, especialmente da Bahia, seu berço querido.
Diante de sua memória nos curvamos respeitosos.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 04-07-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2187
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 8
Caderno:
Manchete: RECEPÇÃO LITERÁRIA E CIENTÍFICA
Texto:
É com viva satisfação que acusamos o recebimento do n: 5[ ], ano 2º da REVISTA DO GRÊMIO LITERÁRIO DA BAHIA, correspondente do mês de Março.
Logo em sua primeira página se nos depara o retrato do simpático e notável poeta baiano, Antônio de Castro Alves, que, dentre as águias do talento poético brasileiro, foi a que pairou mais alto nos seus vôos gigantescos. É esse número da Revista todo consagrado à memória do incomparável poeta dos escravos, em homenagem de alta admiração ao mais ilustre entre os seus ilustres sócios honorários.
Essa resolução do Grêmio Literário em render justo e merecido preito ao inspirado estigmatizador da escravidão é digna de sinceros elogios, de encomiásticos louvores, e por isso o felicitamos de coração não só pela nobreza da idéia, como pelo modo feliz porque realizou o seu louvável intento. Realmente esse número; de 24 páginas, quando os outros contam apenas 16, é incontestavelmente o melhor dentre todos, apesar de não ser todo composto de produções novas, ainda não publicadas....
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 05-11-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2215
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: ESPETÁCULO DE GALA
Texto:
Realiza-se no dia 13 um esplêndido espetáculo de gala, subindo à cena o conhecido drama_ A cabana do pai Thomaz, em homenagem à data patriótica da Liberdade.
Preparam-se grandes festas, entre as quais uma cena apoteótica e um esplêndido fogo de artifício.
Ao espetáculo que será uma grande festividade, devida aos esforços do Mesquita, secretário da empresa Dias Braga, comparecerão, diversas autoridades civis e militares, entre as quais S.EX. o Sr. governador do Estado, comandante do distrito, secretário do Estado, intendente municipal, e outras pessoas gradas.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 05-12-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2216
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: TREZE DE MAIO
Texto:
É sem duvida, a mais resplendente das datas nacionais, essa que firmou, entre as bênçãos e ovações de um povo, o direito humano a par do direito civil nos códigos e nos costumes, na lei escrita e no trato social.
Não é uma conquista, é uma restituição, não é um prefácio de sentimentalidade, é um epílogo de justiça.
Amanhã soleniza a consciência brasileira o depuramento, da grande mácula da tradição dos brios nacionais, cuja herança trouxe-nos ainda por mais de meio século, depois da emancipação política subjugados ao justificado estigma.
Por mais vivido que fosse o sentimento de liberdade no seio do país,... por mais orientado que fosse o devotamento aos grandes ideais de civilização, acompanhava-lhes sempre a impressão produzida no estrangeiro, a sindicar de nossos títulos cosmopolitas, o aviltante estribilho da ociosa restrição: é um país de escravos, não pode ter intuitivo amor à Liberdade.
Os que transitaram pelo velho mundo, no tempo em que os filhos deste solo se dividiam em oprimidos e opressores legalmente constituídos sem limite de dominação, podem referir quanta amargura foi tacitamente tragada, ao ouvir os fulminantes apreços levados à conta da honestidade da pátria.
Libertos desse peso medonho nos efeitos patrióticos podemos hoje percorrer o globo, de um extremo a outro, sem receio de que nos inflijam o duro sarcasmo de negrófilo.
Por uma sucessão de medidas justas e necessárias à marcha da civilização..., foi o país encaminhado a decretar sem apelo a morte da vergonhosa instituição.
O fato ensinou o país, a não contar com a lei, quando esta estivesse em antagonismo com os impulsos da propaganda.
O fato está consumado; no país não se registrou um só protesto, contra a súbita revolução nas idéias e nos costumes do passado.
Devemos todos ter ufania de semelhante circunstância, que bem caracteriza a nossa índole generosa e mansa, e como já havíamos amadurecido para os reais cometimentos da vida livre.
Ponhamos de lado essas considerações, para saudar a grande aurora da Liberdade, pedindo a Providência, regedora dos destinos humanos que a torne dia a dia mais radiante, não de promessa tão somente, como vai ficando, mas de conquistas que permaneçam e nos felicitem o trabalho.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 14-05-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2217
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: 5
Caderno:
Manchete: O LIBELO DA REPÚBLICA
Texto:
A República não aceita mais esses expedientes de circunstância; ela quer exercício na aplicação, o que em teoria é a liberdade e o direito, a moralidade e a justiça.
{...}
A República escreve o seu libelo contra os réus de tremenda prevaricação e submete ao critério das almas honestas, que não foram arrastadas no baralhamento das águas turvas, a sua causa, que traduz o supremo alvo das aspirações humanas nos movimentos da sociedade: o cidadão livre e bom em a Pátria afortunada e feliz.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 14-05-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2217
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno: Palcos e Salões
Manchete: POLITEAMA BAIANO
Texto:
{...}
Em comemoração da legendária data de 13 de maio, que libertou os escravos do Brasil, a companhia fez subir à cena, ontem o sempre aplaudido drama - A Cabana do Pai Thomas.
Depois do hino nacional... subiu o pano e compareceu em cena a gentil atriz Lucillia Peres que recitou com expressão e entusiasmo as seguintes estrofes...
À Pátria
Ó Pátria! Orgulho da formosa América!
Deslumbras-me de glória,
Ao ler a bela, a fulgurante página
Que tu soubeste eternizar na história.
Há três lustros passados, tu, ó ínclita,
Atendeste aos clamores
Da raça escrava e, sorridente, ergueste-a,
Ao som de palmas e ovações de flores!
De Sul ao Norte eletrizante frêmito
De entusiasmo febril
Vibrou num grito atravessando o Atlântico:
Já não há mais escravos no Brasil!’
E todas as nações pasmas estáticas,
Registraram-te e feito,
Como um alto brasão........ glória do século......
A mais bela conquista do direito.
Ao som do hino fraternal uniram-se
As brasileiras mãos,
E a luz do sol iluminou esplêndida
Não mais cativos, livres cidadãos!
Pela lei Redentora, salve, ó Pátria.
Em teu regime novo!
Exalta mais teu nome de República
E envolve em glória este teu filho - o povo!
Ao recitar a penúltima estrofe, levantou-se o pano do fundo para patentear ao público, em homenagem a memorável data.
{...}
Felicitamos o digno engenheiro por sua feliz lembrança e agradecemos como brasileiros a fulgurante comemoração da mais humana de nossas conquistas sociais.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 18-05-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2220
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: 6 e 7
Caderno:
Manchete:
Texto:
O falecimento do conselheiro Francisco Sodré deu-se anteontem, nesta capital, às 10 e meia horas da noite, em sua residência à Rua do Tesouro.
{...}
Quando o conselheiro Dantas foi incumbido de organizar o gabinete, o conselheiro Francisco Sodré foi nomeado ministro da justiça, posição em que se manteve até a queda do glorioso ministério, que levou para o parlamento a questão do elemento servil.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 07-04-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2255
Dia da semana: Sábado
Página: 3
Coluna: 3
Caderno:
Manchete:
Texto:
“Esta edição do jornal foi totalmente dedicada ao Dr. Dioniseu Martins, devido ao seu falecimento”.
Biografia do Dr. Dioniseu Martins
{...}
Na sua pátria, quer no serviço público, quer na indústria privada exercer diversos cargos de sua profissão;... sendo um dos que votaram a lei do 28 de setembro de 1871 (ventre livre).
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 07-07-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2257
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: 6
Caderno:
Manchete: CASTRO ALVES
Texto:
O registro do tempo marcou ontem mais um aniversário do passamento, trigésimo segundo, do imortal poeta especialmente a serviço da liberdade, em prol dos infelizes brasileiros que gemiam nas senzalas, esperando a manhã da redenção.
Sobre a memória abençoada do genial Castro Alves, há de pairar eternamente agradecia a gratidão da pátria livre.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 25-07-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2274
Dia da semana: Sábado
Página: 2
Coluna: 3
Caderno:
Manchete:
Texto:
Damos em seguida o resumo da oração que o ilustre Dr. Tillemont Flores proferiu no encontro de anteontem, por entre os aplausos do seleto auditório que concorreu ao Politeama.
Exmas. Senhoras! Meus Senhores
Já se vão mais de 12 anos, quando retirado da penumbra que me envolve a generosa mocidade acadêmica ergueu-me então à culminância deste proscento.
Festejaremos o primeiro aniversario da áurea lei da abolição.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 28-09-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2325
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 1
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: 28 DE SETEMBRO
Texto:
Passa hoje o 32º aniversário da sanção gloriosa lei, que libertou o ventre da mulher escrava.
Por esse motivo nos curvamos reverentes diante do túmulo do Visconde do Rio Branco, o grande agitador de tão humanista idéia.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 30-09-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2327
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna: 6
Caderno:
Manchete: FALECIMENTOS
Texto:
Faleceu ontem, à tarde, em sua residência à Rua José Rodrigues Germano, conhecido capitalista.
{...}
O comendador Germano, foi também abolicionista sincero.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 10-02-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2329
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 2
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: GLÓRIA
Texto:
{...}
No terreno em que vai ser erigido o monumento impunha-se outrora um pesado e sombrio edifício, de grossos muros de taipa, com estreitos respiradouros gradeados, que era a cadeia. Ali recolhiam-se os delinqüentes e os escravos que num assombro natural, desertavam as fazendas procurando respirar livremente na largueza dos campos ou no seio agasalhador das florestas.
Perseguidos pelos capitães do mato, os impiedosos caçadores de homens, os mocambeiros seguiam algemados para os cárceres feudais ou eram recolhidos à prisão da cidade onde sofriam rigorosamente a pena que lhes era imposta, não pela justiça eqüitativa mais pelos próprios senhores rancorosos.
Depois da lei de Maio que igualou todos os homens, o casarão sinistro ficou como um remanescente do opróbrio e o murmúrio do novo, acentuando-se dia-a-dia, crescendo em protesto contra a mole que recordava crimes e sofrimentos e um passado vergonhoso que era preciso esquecer, impôs a demolição do presídio.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 11-02-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2355
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 2
Coluna: 6
Caderno: Literárias
Manchete: AUTOBIOGRAFIA
Texto:
Máximo Gorki, o grande contista russo foi recentemente rogado pelo seu editor a traças a sua autobiografia.
O genial escritor começou por negar-se; mas, importunado pelo editor, tomou a pena e escreveu o seguinte:
Em 1878 entrei como aprendiz para casa de um sapateiro.
Em 1879 estive também como aprendiz em casa de um desenhador.
Em 1880 fui moço de cozinha a bordo de um paquete.
Em 1883 trabalhei numa padaria.
Em 1884 fui moço de fretes.
Em 1885 fui padeiro.
Em 1886 fui corista de uma companhia ambulante de opereta.
Em 1887 vendi maçãs pelas ruas.
Em 1888 lembrei-me de acabar com a existência.Em 1889 fiz-me vendedor de várias coisas.
Em 1890 entrei como escrevente para a casa de um advogado.
Em 1891 fiz uma viagem a pé à roda da Rússia.
Em 1892 trabalhei como operário nas oficinas do caminho de ferro.
No mesmo ano publiquei o meu conto,
Durante 14 anos, pois a existência do grande literato foi verdadeiramente acidentada e sem segurança. Não é pois, de estranhar que Gorki seja o novelista do que é negro e da adversidades.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 11-11-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2363
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: CONS. FERREIRA VIANNA
Texto:
Faleceu como se vê em nosso serviço telegráfico, no Rio de Janeiro, o conselheiro Antônio Ferreira Vianna, brilhante criador parlamentar e ministro do regime passado, por ocasião de ser assinado o decreto da abolição, em 13 de maio de 1888.
Tema: ABOLIÇÃO
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 17-11-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº2368
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: Dr. AMPHILOPHIO BOTELHO FREIRE DE CARVALHO
Texto:
Eis alguns dados da vida do ilustre Baiano Dr. Amphilophio Botelho Freire de Carvalho...
{...}
Desfraldava-se desde 1881, na Bahia, a bandeira da abolição dos escravos, quando em 1885 ou 1886, foi ele nomeado juiz de direito nesta capital.
{...}
O abolicionista Eduardo Carigé, um dos mais heróicos propugnadores da liberdade dos cativos, baseado na lei de 7 de novembro de 1831, requereu ao juiz Amphilophio que considerasse livres os Africanos que com a execução respeitosa daquela lei estavam indevidamente escravizados.
Aquele magistrado, depois de estudar bem o texto da lei pouco se importando que as vítimas pertencessem a senhorios no poder, ou fora dele, que fossem de potentados ou não, de adversários ou correligionários, lançou centenas de despachos, considerando livres, em nome da lei, a que ele servia sem senhores, a todos os africanos importados depois de 1831.
O ódio escravista que a execução dessa lei provocou é fácil de avaliar-se, mas o juiz abolicionista, tendo a consciência pura, deferia para diante as petições que nesse sentido lhe eram apresentadas documentadamente e só de uma vez deu liberdade a 266 vítimas da exploração infame contra a liberdade humana.
E quando, na noite desse dia, a benemérita Sociedade Libertadora Baiana foi a sua residência, ao Bom Gosto do Canela, agradecer-lhe essa austeridade... o juiz Amphilophio negou-se a receber[...] dos abolicionistas...
... quando o senhorio esbaforido procurava pedir-lhe a reconsideração das suas sentenças ele com a lei em punho não negava a sua preferência pelo cativo...
Como esse, muitos foram os seus serviços à causa da abolição, de que ele se fez um benemérito honrando a toga que vestia.
A lei de 13 de maio foi proclamada e entre os nomes memoráveis dessa propaganda na Bahia o seu não poderá ser esquecido pelos abolicionistas...