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Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 22-01-1900

Ano: Ano: 27

Número:

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 1

Coluna: 8

Caderno:

Manchete: MONSTRO O CRIME DO RIO DAS PEDRAS

Texto:

Sob o sensacional título acima narra “A notícia”, da capital federal de 10 do corrente, uma terrível tragédia que se passou em uma casa do Rio das Pedras e que teve por protagonista Virginmia de Jesus e o negro Felippe Santiago.
Eis a narração:

A pequena distancia da casa onde residiam Virginia, seu esposo Manoel Antônio Paradela e seus três filhinhos Umberlina, de 5 anos Carlos de 2 anos, e Antônio de 1 Ano, demora uma miserável choça onde viviam Felippe, sua amásia Noemia e quatro filhos,sendo que os dois últimos também o são d’esse homem repugnante.
Embora fosse essa habitação a mais próxima da sua, Virginia nunca visitou os seus moradores, temendo a convivência com o negro Felippe que era conhecido no lugar como ladrão, servindo a sua casa de conto a indivíduos de...
Enquanto na casa de Virginia, sempre muito bem arrumada e asseada, se notavam o conforto e a prosperidade, na do negro Felippe imperavam a imundice e a maior miséria.
Condoendo-se do estado de pobreza de seus vizinhos, o marido de Virginia acendeu ao pedido que lhe fez Felippe para tratar, medi..nte certa som...de um melancial de sua propriedade, embora sua esposa se mostrasse apreensiva com a deliberação do marido, pois não podia esconder o pressentimento mau que lhe inspirava a presença daquele homem.
Dias antes, Felippe mais uma vez aparecera em sua casa, sempre na ausência do esposo, indagando lhe da hora que este ia vinha do seu trabalho quotidiano, sem, contudo justificar cabalmente o motivo de tais perguntas.
Virginia atribuiu essa insistência do negro a algum plano de ladroagem, o que fez ver o marido, nunca lhe passando o pela mente ter inspirado a Felippe desejos desonestos.
Vagabundo e mandrião, Felippe nem mesmo depois de contratar aquele serviço apareceu ali para encetar o trabalho, o miserável procurava apenas um pretexto para poder freqüentar a casa da sua vítima, sem despertar desconfiança.

Um dia, em conversa com a própria amante, ele cinicamente disse a mesma que, custasse o que custasse, havia de possuir Virginia de Jesus, mesmo que para isso tivesse de empregar a violência.
No dia do crime – uma segunda-feira, cerca de 8 da manhã –Virginia estava trabalhando no interior da casa, quando viu passarem na estrada próxima Felippe Santiago, Noemia e os dois filhos menores.
Propositalmente Virginia foi para a cozinha, a fim de ocultar-se e não dar ensejo a que eles, vendo-a, lhe entrassem em casa.
Só quando os viu bem de longe, tornou as suas ocupações, na sala da frente.
Passaram-se duas horas. Achava-se Virginia entretida em alimentar os filhos quando inesperadamente lhe apareceu Felippe, sendo que dessa vez vinha sozinho.
Ao fitar, o negro, Virginia sentiu um calafrio dos pés à cabeça e teve ímpetos de abandonar a casa para não deixar os filhinhos a sós entregues ao homem que ela tanto temia.
Lembrou-se de gritar por socorro: prevendo, porém que isso mais o incitaria a prática de algum crime, e que lhe era impossível qualquer auxílio de todos outros vizinhos, conteve-se embora dominado pelo medo.
Enquanto terríveis emoções se passavam no íntimo da pobre mulher, o negro sátiro fitava a com olhos cupidos as narinas.... E a respiração opressa. Entre os dois reinou por alguns minutos o maior silêncio.
Virginia para esconder a sua comoção, sentou-se e procurou brincar com as crianças, disfarçando assim o asco e o terror que o negro lhe inspirava.
Nem o seu adiantado estado de gravidez, nem a presença dos seus inocentes filhinhos, sofreram os instintos bestiais do malvado.
As criancinhas causavam-lhe sem, grande contrariedade, que logo manifestou, repelindo brutalmente uma delas, que lhe estendia inconsciente os bracinhos, pedindo uma carícia.
Virginia fingiu não ter reparado na brutalidade de Felippe e prudentemente chamou o filhinho, cobrindo-o de afagos.
Felippe, sempre mudo ora fitava a infeliz, qual... pronta a dar-lhe o primeiro bote, ora lançava o olhar em derredor, como que temendo algum importuno, que viesse com sua presença arrebatar-lhe a preza.
Certificando-se de que ninguém lhe viria frustrar os sinistros planos, acercou-se da pobre mulher, pousando-lhe a mão na face, como que procurando acariciá-la.
O contato da mão do ousado negro produziu na epiderme de Virginia o efeito repulsivo da de um imundo réptil.
O ultraje transformou-a. Ela que ate então parecia não ter forças e ser débil em extremo mostrou-se outra mulher.
Passa a terrível impressão de profundo rancor pela petulância inqualificável a face rubra de pejo, num assomo de indignação, ergue-se altaneira, já sem medo, gritando –lhe imperiosamente.
“Não te enxerga, negro?”
“Sou um homem como os outros...” uncou-lhe Felippe. E acrescentou:
“Não queres por bem vai a força.”
Virginia resolutamente enfrentou com o malvado, ordenando-lhe imperiosamente que se retirasse de sua casa
Encaminhando-se para a porta da rua, Felippe fingiu obedecer-lhe, enquanto a indefesa mulher se dirigia para a cozinha com o intuito de fugir pelos fundos e ir refugiar em casa de vizinho mais próximo.
Ou porque compreendesse os intuitos da infeliz, ou obedecendo a um plano premeditado, ele abafando o quanto lhe foi possível os passos, correu e pegando–a brutalmente pelos pulsos, torceu-lhe os braços para traz, ao mesmo tempo que, firmando um dos joelhos na espinha dorsal da desgraçada.
Obrigava-a a deitar-se de costas completamente subjugada. O monstro em nenhuma conta tinha o feto de sete meses que a desventurada mulher trazia no ventre, e o que podia falecer por efeito do supremo esforço que a... fazia para se livrar da desonra.
Virginia mesmo por terra, resistia tenazmente, heroicamente, travando com o malvado uma luta tremenda, titânica.
A acanhada cozinha onde se passava essa horrorosa cena ficou completamente em desordem. Panelas, pratos feixes de linha, o pequeno pote d’água, tudo enfim, era deslocado de seus lugares, arrastado, esmagado sob os corpos de Virginia e Felippe, que se arrastavam em contorções macabras, varrendo o pó do chão.
Era assombrosa essa cena de pugilato, em que um contendor, cheio de lubricidade bestial e feroz, fazia esforços terríveis para subjugar a apresa, enquanto esta uma fraca mulher, lutava heroicamente assoberbada pelo ódio e pelo mais belo sentimento a castidade.
Quanto tempo levaram os dois assim engalfinhados quem o poderá dizer?
O certo é que a fadiga não aniquilou a valente mulher e nem a força brutal do malvado negro conseguiu tão pouco torce-lhe os movimentos.

Enquanto isso se passava os dois filhinhos mais velhos de Virginia, criança de... idade, chorando desesperadamente, contemplaram a medonha cena, que não podiam compreender.
Felizmente, Virginia, firmando os pés sobre o portal da cozinha e com uma das.. na garganta do lúbrico monstro, a quem procurava nervosamente, no seu grande ódio estrangular conseguiu com um esforço supremo subjugar o infame e desprender-se-lhe dos braços de ferro, fugindo logo para o quintal.
Felippe não perdeu a esperança; compreendendo de forma alguma poderia subjugar a sua vítima, correu novamente no seu encalço, prostrando-a... com um golpe de enxada no crânio...
Vendo sua mãe caída e inerte,como morta, o desespero dos duos criancinhas chegou ao auge.
Ambos, semi-loucos, atacaram o infame, ao mesmo tempo que rompiam o silêncio do sítio com os seus gritos agudos, lancinantes, chamando vingança.
O feroz negro, erguendo-se de sobre o corpo inanimado de Virginia, fitou com olhar injetados as loucas criancinhas.
Estas, tremendo de medo ante a feia catadura do assassino, correram para o interior da casa, fugindo –lhe.
Empunhando então novamente a enxada que estava ao lado da hiena, Felippe correu em perseguição dos... e descarregou no crânio de cada uma delas forte pancada, matando-as as quais instantaneamente.
O bruto, felizmente, não reparou que no fundo de um berço outra inocente criança dormia; do contrário, na sua sede de sangue, certamente a teria sacrificado a sua sanha.
Não satisfeito com isso, a fera voltando...

Obs. Matéria incompleta por conta do péssimo estado de conservação do jornal Diário de Notícias de 1900

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 04-04-1900

Ano: Ano: XXI

Número: nº: 6062

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 1

Coluna: Polícia

Caderno:

Manchete:

Texto:

No comissariado de polícia da Vila de Entre Rios procedeu-se, no dia 30 do passado, a exame de corpo de delito em João Severiano, vulgo João Oiteiro que, conforme noticiamos, fora ali espancado.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 24-07-1900

Ano: Ano: XXI

Número: nº 6150

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: Polícia

Caderno:

Manchete:

Texto:

O sr. tenente Coronel Braga apresentou hoje ao dr. Moura uma menor, cabocla, de 7 para 8 anos de idade, que fora ontem estuprada pelo soldado do 3º batalhão da brigada policial José Pereira Pinto, na rua das Quebranças, freguesa da Vitória.
Aquela autoridade mandou proceder a exame na ofendida e vai iniciar o inquérito policial.
Este soldado Vieira ultimamente da Barra da estiva, onde estava destacado e até esta hora não se sabe o seu paradeiro.
Um soldado seu companheiro foi o denunciante do fato, porquanto mora em casa contigua a em que se deu o crime.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 28-02-1902

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 1

Coluna: XXXXXXXXXXX

Caderno:

Manchete: CASO HORROROSO

Texto:

Sob esta frisante epígrafe o Correio da Manhã, do 24 do corrente, publicou, em suas colunas editoriais a seguinte comunicação do sr. José Ribeiro do Couto, relatando horrível crime, praticado no lugar “Aventureiro”, distrito do mar de Espanha, em Minas Gerais.
“A população desse distrito, ainda está sobre dolorosa impressão do horroroso crime, praticado na fazenda “Pedra Menina”, na pessoa da preta Selvina da Conceição, viúva e com cinco filhos menores.
Existia nesta fazenda um preto de 55 a 60 anos de idade, alto, corpulento, solteiro, gago, natural da Feira de Santana, Bahia, ex-escravo, que ainda residia na “Pedra Menina”, por gostar de trabalhar e se mostrar muito serviçal para com todos que o conheciam. Ultimamente, Rodrigo, que assim se chamava o preto, trabalhava dois ou três dias num lugar, e, sem nenhuma participação, desaparecia, deixando roupas, dinheiro ganho e mais outros objetos, indo surgir noutra parte onde começava a trabalhar, para depois proceder do mesmo modo.
Gosta Rodrigo da solidão e tem sempre nos lábios um riso estúpido, para todas as ocasiões, mostrando uma dentadura perfeita e bonita. Tem as bossas frontais muito salientes, temporais proeminentes, supercílios deprimidos, sobrolhos carregados, tendo rugas verticais muito pronunciadas, molares desenvolvidos e salientes, temporais proeminentes e a conformação da cabeça arredondada. Usa barba e bigode feitos, anda maquinalmente pelas estradas, dormindo muitas vezes em uma furna existente na grande “pedra menina”, que deu o nome a fazenda.
Há dois anos, matou ele uma besta e sela e foram encontrá-la na dita furna, cozinhando em um tacho as carnes do animal, para com elas se alimentar.
A preta Selvina da Conceição vivia em sua casa, sem outra companhia a não ser de seus filhos menores. Rodrigo, o acelerado facínora, ciumento e antropófago, procurava, por todos os meios conquistar a amizade de Selvina, que o repelia, não só por ter a fama de adoidado, como pelo caso do animal acima referido. Ele insistia em querer se casar com ela, sendo sempre repelido em suas pretensões, o que o desesperava e o fazia, por vezes, [corromper?] em fortes ameaças.
No dia 5 do corrente, pela manhã, Selvina saiu de sua casa, deixando a seus filhos, enquanto ia ao moinho, pequena distância.
O possante negro, que a espionava assaltou-a na entrada e, de faca em punho, atirou-lhe diversos golpes, procurando assim acabar-lhe com a vida.
A luta que então houve entre ambos devia ter sido medonha e [?], e como a força menor cede sempre a menor, a mulher foi subjugada pelo agressor que, depois de assassiná-la barbaramente, a arrastou para um córrego, onde a destripou, dividindo o corpo em duas metades e deixando a cabeça, que ainda não foi encontrada. Depois desta cena de canibalismo, Rodrigo pôs-se a comer pedaços da carne de sua vítima, o que ele me afirmou dizendo (sec.) “que a carniça lhe tinha feito mal”.
Os peritos assim descrevem o auto de verificação do óbito:
“Na estrada que segue para a “Pedra Menina”, abaixo de uma parreira, onde passa um córrego, em um caco a margem direita do mesmo córrego, encontramos um paletó de mulher riscado vermelho, que tinha seis aberturas retilíneas, produzido por instrumento cortante e perfurante, metido cada uma calculadamente, três centímetros de extensão.
Próximo foi encontrado um retalho de camisa de mulher, naturalmente pertencente a vítima, que procurava-mos para verificar o óbito; este retalho tinha também três retilínea, produzidas por instrumento cortante e perfurante. Supondo-se que a mulher desaparecida morresse afogada no córrego, em virtude da grande enchente que houve, dirigimo-nos mais para a margem direita, e aí encontramos, presos em galhos de arbustos, fragmentos de pele e carne humanas, intestinos, pulmões, e a pele do abdômen com a cicatriz umbilical bem visível.
A meio quilômetro distante do córrego, do lado de cima de uma estrada, encontramos separadas as pernas do tronco, porém presas as articulações respectivas, estando a espinha dorsal seccionada, em uma das vértebras lombares. O tronco foi encontrado mais adiante, sem a cabeça e sem as vísceras, conservando os braços e os peitos, sangrando estes ainda gotículas de leite, o que demonstra que a vítima amamentava ainda uma criança.
Os braços tinham cada um, justamente na dobra do cotovelo, muito simetricamente, um ferimento, que os atravessava de lado a lado.
As mãos apresentava ferimentos transversais, tendo ambos os dedos polegares cortados e os tecidos musculares até o osso, o que prova que a vítima procurava defender-se, amparando com as mãos os golpes que lhe eram vibrados, por mão armada de algum instrumento cortante.
A coxa esquerda tinha um ferimento perfurante no terço inferior, que atravessara a região de um lado a outro.
Na região clavicular direita existem dois ferimentos profundos.
Notamos um ferimento na região [?] que naturalmente interessou o coração, o que não podemos [?], por não termos encontrado esta víscera.
Reconstituído o cadáver, do melhor modo que nos foi possível, afirmamos que era de uma mulher de cor preta, cujo sexo só pode ser conhecido pela existência das glândulas mamarias.”

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 25-11-1902

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Terça-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete:

Texto:

Anteontem, no Garcia, foi ferida com duas facadas, Lucia Maria da Hora, por seu amásio Marciano de Souza Santos, vulgo Caboclo, que se evadiu para os lados da Calabar.
O sub-comissario do 1o distrito da Victória mandou fazer corpo de delito na ofendida e proceder as demais diligencias.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 29-11-1902

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: CONFLITO E FERIMENTO

Texto:

Na quarta-feira última, às 11 horas e meia da noite, na Ribeira de Itapagipe, travou-se de razões Alexandre de tal, vendedor de peixe, com um outro indivíduo, por motivos de ciúmes arremessando aquele uma pedrada, a qual foi prostrar sem sentidos uma pobre mulher, com um profundo ferimento na cabeça.
E enquanto este conflito, que durou mais de meia hora, dava-se no lugar mais concorrido de Itapagipe, a polícia dormia tranquilamente.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 10-12-1903

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 2

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: CONFLITO - FERIMENTO

Texto:

Na madrugada de ontem, em casa n.38, à Rua dos Capitães, deu-se um conflito entre o pianista Custódio de tal e José do Espírito-Santo, que assistiam à um baile na referida casa, baile que não primava pela decência nem pela moral dos freqüentadores.
Depois de violenta troca de palavras, o Custódio, não se conformando muito com certo dito picante que lhe dirigira seu contentor, vibrou-lhe uma facada, que alcançou a região

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 30-01-1903

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 2

Coluna: Efemérides

Caderno:

Manchete:

Texto:

1687. Foi degolado no largo do Terreiro o coronel Fernão Bezerra Barbalho, Pernambucano, por matar no seu engenho Varzea, injustamente, e sem mais causa que uma suspeita cega, sua esposa e três filhas, escapando apenas uma, que por ser pequena, fora escondida por uma escrava na casa de um vizinho.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 03-07-1903

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sábado

Página: 2

Coluna: XXXXXX

Caderno:

Manchete: VIOLÊNCIA

Texto:

Do arraial do Acupe, distrito de Saubara e termo da cidade de Santo Amaro, nos foi dirigida a seguinte carta, para a qual deve ser demorada a atenção do sr. dr. chefe da segurança pública.
Eis a carta:
“Srs. Redatores do Correio da Tarde:
sento-me bastante impressionado pela selvageria do sub-comissário do Acupe, termo de Santo Amaro, mandando preso para a cadeia da Saubara, e depois ao tronco o infeliz Arqhimedes da Selva, sendo ainda este antes disso, acordado a cacetadas dadas por Thomaz Gomes, ficando o ferimento na cabeça bastante grave.
Portanto, Srs. redatores, peço por intermédio desta conceituada folha, uma providência ao sr. dr. chefe de polícia, a fim de punir José da Cunha Serrado, que dia a dia vai violando a lei e invadindo as casas, como ele fez com o sr. Arqhimedes da Selva, tirando-o inesperadamente de uma casa onde ele estava dormindo, para ser levado até Saubara, a fim de sofrer as agruras do tronco.
Quero que ele saiba, que nós não estamos mais em tempo de escravidão, para mandar colocar no tronco um rapaz sem culpa”.
Acupe, 2 de Março de 1903.
_Do vosso admirador, (Antônio Selva)

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 06-10-1903

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 1

Coluna: Efemérides

Caderno:

Manchete:

Texto:

1868. “Seriam 10 horas da manhã quando se deu um horrível crime dentro do antigo Matadouro Público, na freguesia de Santo Antônio Além do Carmo nesta Capital. Travara-se questões entre dois magarefes, e intervindo o fiscal da Capatasia Pedro José de Castro foi um morto por um deles geralmente conhecido por João Caboclinho. A vítima sucumbiu aos golpes de cinco facadas, cada qual mais penetrante e mortal, sendo esse horrível crime praticado com o sangue-frio e à impossibilidade do magarefe, amestrado na matança diária do gado.
A execução desse monstruoso crime durou algum tempo sem que ninguém se atrevesse a aproximar-se do algoz para arrancar-lhe a vítima das garras, tal era o terror que infundia a ferocidade do bárbaro autor desta catástrofe, desta cena de canibalismo, praticada à luz do dia, numa Repartição pública, em lugar tão freqüentado.
Perpetrado o crime, o criminoso atravessou incólume por entre a multidão, que se aglomerava por curiosidade, e fugiu com a faca ensangüentada em punho, e com as vestes tintas de sangue das rezes e da vítima, que deixou inundado o pavimento onde fora praticado a atentado.
Pouco depois de se haver evadido, voltou o criminoso a entregar-se à Sentinela do portão do Matadouro; o [Matador?] com o instrumento de crime.
Preso e processado foi afinal condenado pelo Júri a 6 anos de prisão com trabalho, sentença que foi cumprida.”
(...)

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 17-04-1903

Ano: Ano: XXIX

Número:

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 3

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: UMA CRIANÇA ENTERRADA VIVA

Texto:

No dia 5 do corrente apresentou-se na delegacia da 4ª circunscrição da capital federal d. Amanda França, esposa do alferes honorário do exercito Hermógenes da França Fernandes residente à rua Elvira e declarou ao inspetor Edgard Sampaio o seguinte:
Uma sua criada de cor preta, de nome Emilia, achava-se em estado adiantado de gravidez, notando que a mesma nesses dias não apresentava mais os sintomas de tal estado, resolveu, de acordo com seu marido, interrogar a referida criola. Não obtendo confissão alguma e com receio de algum crime, resolvera então comunicar à polícia esse mistério de sua empregada.
Para a casa indicada, acrescenta o jornal donde extraímos a notícia, seguem o inspetor Sampaio, que habilmente interrogou Emilia, a qual, a princípio negou que tivesse dado à luz, mostrando o ventre, que se achava volumoso.
As repetidas perguntas da autoridade, Emilia continuou a negar, titubeando,porém nas respostas, caindo, mesmo em contradição resolvendo aquele inspetor conduzi-la à delegacia, o que fez.
Aí Emilia confessou que havia dado à luz na quinta-feira última, à meia noite, um menino de cor parda, com vida ainda. Não sabendo como escondê-lo e não querendo que ninguém soubesse disso, resolveu matá-lo e, segurando-o pelo pescoço, tentou assim estrangulá-lo. Como, porém a criança chorasse muito e chamasse a atenção das pessoas da casa, resolveu enterrá-la viva, o que fez, dirigindo-se ao quintal da casa de seus patrões.
Aí, fez um buraco no meio de umas bananeiras, colocou o recém-nascido, cobrindo-o com pedras, telhas e lixo, e concluiu por tapar a cova com terra.
Obtida a confissão de Emilia, o delegado, escrivão e inspetores dirigiram-se ao local e mandaram covar o ponto indicado, encontraram a criança já em estado de putrefação, deitado na cova, sobre o lado esquerdo.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 05-12-1903

Ano: Ano: XXIV

Número: nº: 6979

Dia da semana:

Página: 3

Coluna: Anúncios Especiais

Caderno:

Manchete: GIGANTE

Texto:

Entre Rios – Ao público e aos meus colegas

RESUMO: Sobre uma questão de violência envolvendo um senhor chamado Aurelio G. Ferreira Velloso e outro chamado Afro Lopes de Almeida. Faz-se referência a matéria pelo curioso nome que tem um dos envolvidos na questão Afro.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 14-08-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 20

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 2

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: ESPANCAMENTO

Texto:

Vítima de espancamento apresentou-se, ontem, pela manhã, no hospital da caridade, a fim de receber os necessários curativos, Maria Caetana do Nascimento, crioula, costureira, com 30 anos de idade e solteira, a qual apresentava diversos ferimentos no rosto e nas mãos.
Maria Caetana, que é residente no distrito da Sé, após os curativos, retirou-se, sem declarar o como apanhara a formidável tunda que tão veementes indícios lhe deixara na Veronica.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 09-02-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 35

Dia da semana: Sábado

Página: 2

Coluna: Diário das ruas

Caderno:

Manchete: COM AMOR NÃO SE BRINCA

Texto:

Esse prolóquio, que é também o título de uma novela, teve ontem, lá para os lados do Tororó, uma aplicação cabal e penosa.
Eis o caso:
A Sra. Baldoina Maria de Jesus, parda, de 28 anos, solteira, é das tais que, nos negócios como nos amores, gostam de andar a duas amarras.
Moça e, aliás, amiga do trabalho, tanto assim que moureja todo o santo dia no seu mister de engomadeira, de onde tira os recursos para a subsistência, Baldoina acredita-se bastante independente para poder fazer desta questão de afetos mero diletantismo.
E é assim que, apreciadora das travessuras de Cupido, ela diverte-se com as intrigas que o seu proceder leviano gera entre os seus apaixonados admiradores, que, não raro acabam dando-se a cenas de pugilato, para gáudio da diletante.
Entretanto, ontem foi o dia de azar para a extravagante rapariga, que saiu à rua, cerca de 9 horas da noite não sabemos para que fim.
No caminho encontrou-se ela com dois de seus admiradores, que pretendiam tirar a limpo um a intriga amorosa, entre eles existente e que supunham, com bons fundamentos, ser forjada pela enredadora.
Foi infeliz, desta feita, a Baldoina em suas explicações.
E o pior é que os dois desafeiçoados se harmonizaram e, juntos, acordaram dar uma valente surra na pobre rapariga.
Isso foi resolvido e logo feito; de sorte que, horas depois, Baldoina dava entrada no Hospital Santa Isabel, com a cabeça partida e com o corpo todo amassado de pau.
Escusado é acrescentar que os desalmados autores do bárbaro e covarde atentado, após os perpetrá-lo puseram-se ao fresco.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 19-09-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 47

Dia da semana: Terça-feira

Página: 2

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: ESPANCAMENTO DE PRESOS

Texto:

O bárbaro processo do espancamento, que talvez se supusesse banido para sempre dos inúmeros recursos que a polícia deve utilizar-se na punição dos criminosos, está, no entanto, adaptado, e, pelo que nos parece, vai assumindo, pouco a pouco, as proporções avultadas de uma instituição que ressuscita.
Com efeito, não nos é dado conservar o número das queixas que nos tem sido trazidas,a propósito de arbitrariedades da natureza de tais que abaixo vão narradas, e contra as quais a imprensa independente jamais podia poupar a mais sincera e decidida repulsa.
Ouçam os leitores:
No sábado, às 7 ½ da noite, Marcelino Vianna, crioulo, trabalhador de enxada, homem pacato, segundo nos informam o seu padrão, se achava de volta dos labores diários, no largo do Cabula, quando um grupo de policiais, em presença do sub-comissário do 2º distrito de Santo Antônio, o prendeu, submetendo-o desde logo a bárbaro espancamento.
Ouçam agora mais esta.
Cerca de 2 horas da tarde de ontem, veio ter ao nosso escritório um indivíduo de nome Antônio Thimoteo da Conceição, crioulo, de 23 anos de idade, solteiro, residente à rua das Grades de Ferro, distrito de Conceição da Praia, o qual nos fez a seguinte narrativa:
Em conseqüência de um conflito que houve entre duas mulheres, residentes no mesmo prédio onde Antônio tem sua habitação, apareceu ali, cerca de 8 horas da noite de domingo, um contingente de 6 praças de polícia, sob o comando de um sargento, que deu voz de prisão aos que na casa encontrou, inclusive ao queixoso que nela não se achava por ocasião do conflito.
No caminho para a cadeia, entenderam as praças de polícia de se divertirem com os presos, dando-lhes ponta-pés e pescoções. Como era natural, Antônio Thimoteo protestou, alegando a mais que não era nenhum criminoso, que era absolutamente alheio ao barulho feito pelas mulheres, finalmente que, chegando à presença da autoridade local, facilmente demonstraria sua inocência e recuperaria sua liberdade.
Tais explicações se afiguraram aos olhos do sargento que comandava a escolta uma insolência indesculpável, merecedora de pronto castigo.
E, por assim pensar, o autoritário policial, que já encarreirara, de principio, pela trilha do absurdo, invadindo um domicilio particular, à noite, para efetuar prisões a torto e a direito, arrancou do próprio sabre, no que foi imitado por um seu subalterno, espancando barbaramente, o pobre cidadão, vítima indefesa de sua fúria assanhada.
Segundo relatou o queixoso, o seu espancamento, começado em plena rua do bairro comercial continuou até dentro da estação.
Depois dessa narrativa, Antônio Thimoteo tirou fora a camisa e mostrou-nos o corpo bastante seviciado e cutilado a facão.
Que vergonha!

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 25-09-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 53

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 1

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: POLÍCIA QUE ESPANCA

Texto:

Ontem, cerca de 5 horas da tarde, na Fonte Nova, uma turma de policiais do 1º distrito de Brotas conduzia três presos, sendo que o último deles, um crioulo, era barbaramente espancado, a s6ocos, por um cabo de esquadra que fazia parte da escolta.
Um cidadão que por ali transitava, vendo o infeliz como rosto maltratado ao ponto do sangue lhe cair do nariz e dos lábios, protestou, em termos comovidos, já se vê, contra o espancamento, alegando que o preso, nada estava fazendo que merecesse um tal castigo.
Ao ouvi-lo, um outro cabo, que vinha na retaguarda, gritou para o seu companheiro: “basta de socos! Empurre o facão...” ao que retorquiu o outro: “deixe chegar na estação...”
Eis aqui o fato tal qual nos foi narrado pelo cidadão reclamante a que acima aludimos.
Não o comentamos.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 25-09-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 53

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 2

Coluna: Tribuna dos Reclamantes

Caderno:

Manchete: CASO GRAVE

Texto:

Está mesmo a merecer a sub-epígrafe que aí fica o fato que nos veio narrar, hoje, o cidadão José Lauro Schramm, residente no arraial de Lagoa Redonda, pertencente à vila de Entre Rios.
Ei-lo:
No dia 9 de julho do corrente ano, naquele arraial, o preto Fernando Selvestre, depois de arrombar, alta noite, a casa em que dormiam Faustino e Ramiro Carambela, negociantes ambulantes, fez com uma foice, ferimentos gravíssimos em ambos, vindo Faustino a falecer, dias depois, em conseqüência dos mesmos.
Por ocasião do crime, acudindo aos gritos das vítimas, que chamavam por socorros, intervieram moradores vizinhos, que efetuaram a prisão do criminoso, conduzindo-o imediatamente à presença do tenente José Correia da Selva, que é, na dita vila, comissário de polícia e comandante do destacamento policial, a fim de ser lavrado o competente auto de prisão em flagrante delito, como recomenda a lei.
Aí chegados, porém, a dita autoridade ordenou que fosse posto em liberdade o criminoso, sem dar aos condutores explicações plausíveis sobre o seu estranho modo de proceder.
Escusado é dizer que, uma vez em liberdade, o Fernando Sylvestre tratou logo de procurar na fuga a impunidade para o seu revoltante delito.
Acontece, porém, que o sr. José Lauro Schramm, que foi testemunha ocular do crime, teve ciência de que Sylvestre se achava nesta capital; pelo que, para aqui se dirigindo, efetuou a sua prisão, no dia 1º do corrente mês, fazendo logo entrega do mesmo a polícia.
Parece que não aprovou esse procedimento a autoridade policial de Entre Rios, como vão ver os nossos leitores, e é o que constitui o objeto da reclamação que nos trouxe o sr. Schramm.
No dia 4 do corrente, tendo regressado à sua terra, foi aí ao sr. Schramm agredido e espancado pelo tenente José Correia da Selva, que ainda, arrancando um revólver, ameaçou a sua vítima, no caso de procurar ela desafrontar-se com os recursos que a lei oferece em tais casos.
O agredido veio a esta capital solicitar providências ao sr. dr. chefe de segurança, por isso que não pode obtê-las das autoridades de Entre Rios, para o que trouxe consigo atestados e documentos firmados pelo substituto do juiz federal, pelo juiz de paz em exercício, por negociantes e lavradores, finalmente, os quais não só dão testemunho do fato, como abonam o proceder da vítima.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 28-09-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 56

Dia da semana: Quinta-feira

Página: 2

Coluna: Diário das ruas

Caderno:

Manchete: À FOICE

Texto:

Ontem, às 2 horas da tarde, no lugar denominado Guarapés, 2º distrito de Santo Antônio, por frívolos motivos, 3 indivíduos armados de foice, vibraram cobardemente, profundos golpes em Manuel Maria Pereira, 32 anos de idade, de cor parda.
Tendo disso ciência, o sub-comissário se dirigiu imediatamente para o local do crime, efetuando a prisão dos criminosos e remetendo o ferido para o Hospital de Caridade, a fim de receber o indispensável curativo, depois do qual, ficou internado na enfermaria São José.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 10-08-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 61

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 2

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: OS NEGROS NOS ESTADOS UNIDOS Linchamento Horrível

Texto:

Os últimos jornais norte-americanos narram a cena de linchamento que teve por teatro a cidade de Sulphur-Springs, no Texas, e cuja vítima foi um negro de 18 anos, chamado Tom Willians, acusado de um horrível atentado ao pudor de uma menina branca de 14 anos de idade.
Tom Willians esperava a mocinha num lugar ermo e atirara-se à sua vítima com inaudita selvageria, violando-a de uma maneira bárbara e deixando-a sem sentidos, quase morta no lugar do atentado. Praticando o hediondo crime, Tom refugiara-se numa granja a dois quilometros dali.
À noite alguns cidadãos, exasperados por esse atentado, conseguiram prender o negro, e depois de o amarrar solidamente a um cavalo, conduziram-no para Sulphur-Springs.
A notícia da prisão já se havia espalhado rapidamente pela cidade e toda a população foi ao encontro do miserável.
- É preciso queimá-lo vivo! Gritavam milhares de vozes.
Alguns assistentes, mais tímidos, propunham um meio mais brando, que o enforcassem! Mas as suas vozes perderam-se no berreiro feroz dos que exigiam que o criminoso fosse queimado vivo. E assim fizeram. O negro foi levado, sempre amarrado pelo cavalo, para a praça principal da cidade e ali, depois de o confrontarem com a vítima, procedeu-se imediatamente à execução do plano sinistro. O negro foi embebecido de querosene e rodeado de caixotes de madeira, a fim de auxiliar a ação do fogo.
Teve inicio então uma cena verdadeiramente diabólica.
O desgraçado dava urros de animal bravio quando as chamas principiaram a lamber-lhe as carnes. Cinco minutos depois os olhos soltavam-lhe das orbitas e a língua pendia, horrível negra e inerte, fora da boca, enquanto as carnes num chiar medonho, assavam-se lentamente.
Ao cabo de dez minutos estava tudo terminado. Não restava mais que um montão de cinzas...
Era tão horrível o espetáculo que muitas pessoas abandonaram a praça.
É necessário, confessar que o crime do negro era particularmente odioso, visto como, após haver perpetrado o imundo atentado, ainda espancara desapiedadamente a sua vítima, uma encantadora menina, filha de importante família da cidade.
Esta execução sumária terrificou por tal modo a população negra de Sulphur-Springs, que se deu um verdadeiro êxodo na gente de cor, receosa de ver continuar as represálias dos brancos.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 14-10-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 70

Dia da semana: Sábado

Página: 3

Coluna: Diário das ruas

Caderno:

Manchete: ESPANCAMENTO BÁRBARO

Texto:

Ontem, às 3 horas da tarde, desenrolou-se na rua de S. José de Cima, 1º distrito de Santo Antônio, uma verdadeira cena de selvageria, de que foram autores dois indivíduos, cujos instintos perversos por mais de uma vez têm sido postos em evidência em façanhas de tal natureza.
Antônio Limoeiro, de cor preta, e Minervino de tal, mulato, por motivos que ainda não foram apurados, invadiram a casa de uma pobre mulher de nome Maria residente na rua acima indicada, ao que nos dizem, saltando pela janela.
Uma vez dentro da casa, os temíveis desordeiros investiram contra Maria, que embalde clamava por socorro, espancando-a barbaramente.
Antônio Limoeiro utilizou-se de um pedaço de ferro com que estava armado, batendo com ele na indefesa mulher, ao tempo em que Minervino despedia sobre ela golpes de navalha.
Aos gritos da vítima, toda a vizinhança se alvorotou, chegando muitas casas a fecharem as portas.
Logo que algumas pessoas se encaminharam para o local da revoltante cena, os agressores deitaram a fugir, deixando Maria bastante maltratada tendo na cabeça e no rosto diversos ferimentos.
A polícia, como lhe sucede quase sempre, compareceu tarde demais, encontrando a ordem restabelecida no local.

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